51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

MAPEAMENTO GEOLÓGICO-GEOTÉCNICO E ESTABILIZAÇÃO GEOMECÂNICA EM TÚNEL DE ADUÇÃO DA UHE PICADA, JUIZ DE FORA (MG)

Texto do resumo

O presente trabalho trata do mapeamento geológico, monitoramento geotécnico e indicação de tratamentos civis para contenção de regiões geologicamente instabilizadas no Túnel de Adução da UHE Picada, localizada em Juiz de Fora (MG), com aproximadamente 2,5 km de extensão. Este túnel foi escavado em gnaisse pertencente ao Complexo Juiz de Fora, Terreno Ocidental da Faixa Ribeira, e esteve em operação, pressurizado, por cerca de 15 anos. Enquanto em operação, apresentou indícios de instabilidades, identificadas por imageamento geofísico subaquático (ROV). Em função disto, fez-se uma intervenção para implantar obras de reparos e estabilização do maciço rochoso baseadas em mapeamento geomecânico e estrutural, identificando as regiões mais ou menos críticas do ponto de vista de riscos ao empreendimento, considerando o curto tempo disponível.
Dessa forma, o projeto se deu em três etapas: i) esvaziamento do túnel; ii) atividades internas; iii) enchimento. Tanto na primeira quanto na terceira etapa as atividades consistiram no monitoramento da redução e aumento da pressão de carga hidrostática atuante sobre o túnel, do nível d’água e das vazões de esgotamento que, indiretamente, refletem as vazões de contribuição do maciço para túnel. Além disso, utilizou-se drone para obter informações superficiais, além de inspeções visuais realizadas por caminhamento. Nestas etapas, os resultados ficaram dentro das taxas admissíveis, com pequenas oscilações que foram devidamente controladas.
A segunda etapa englobou quatro fases: a) reconhecimento geológico-geotécnico inicial do túnel esvaziado realizado por meio de caminhamento. Neste reconhecimento realizou-se uma avaliação sistemática das paredes, piso e teto da referida estrutura, com atenção especial aos trechos críticos indicados pelo ROV previamente; b) inspeção e mapeamento geológico-geotécnico do túnel. Foram mapeados os trechos instáveis e que necessitavam de intervenções civis, categorizados segundo grau de prioridade e criticidade. Foram caracterizadas as famílias de descontinuidades, bem como suas condições (atitude, preenchimento, abertura, espaçamento, persistência) e suas interações no entorno (ângulos de intersecção dos planos e relação com a orientação das paredes e teto do túnel). Adotou-se como referência o Sistema Q de Barton (1974); c) indicação de tratamentos e acompanhamento de obras, definindo-se os métodos adequados de tratamento para cada trecho instável considerando o tempo exíguo para tal; d) elaboração de escaneamento e modelagem 3D do túnel de modo a compilar os dados gerados e dados existentes em um único produto.
Em resumo, o gnaisse aflorante ao longo do túnel apresenta trechos com qualidades geomecânicas distintas, determinadas principalmente pelo grau de fraturamento do maciço e as condições das descontinuidades. De modo geral, foram identificadas três principais famílias de fraturas, com persistências distintas em cada trecho e poucas variações de atitudes. No contexto geral, o maciço apresenta boa qualidade geomecânica, sendo predominantemente Classe II, segundo Barton (1974). Localmente, ocorre regiões de Classe III e IV que correspondiam a zonas de cisalhamento. De modo geral, as etapas do projeto ocorreram dentro da normalidade e foram bem-sucedidas. Priorizar os trechos instáveis segundo grau de criticidade foi imprescindível para tornar efetivo o tratamento dentro do curto prazo disponível, o qual foi de 23 dias.

Palavras Chave

mapeamento geológico de túnel; Geotecnia; geomecânica; obra em túnel

Área

TEMA 03 - Risco Geológico, Geologia de Engenharia e Barragens

Autores/Proponentes

Mayara Cordeiro Brasil, Nicole Borchardt, Pedro Henrique Lima Ferreira, Herbert Hitoshi Hirose