Dados da Submissão

Título

Uma Reconstrução Histórica para a Temperatura do ar na Cidade do Rio de Janeiro e sua Relação com Fatores Socioambientais Regionais

Texto do resumo

Durante o século XVIII, o estado do Rio de Janeiro foi declarado a capital do Brasil, tornando-se a cidade com principal foco de comércio e inovações tecnológicas do país. Durante o seu período imperial, Dom Pedro II implementou o monitoramento da temperatura do ar na cidade do Rio de Janeiro, criando futuramente o Observatório Astronômico do Rio de Janeiro. Ali iniciaram-se os registros de temperatura do ar, proporcionando uma das mais antigas séries temporais climáticas do Brasil. A partir disso, e de outros relatos históricos anteriores, este trabalho consiste na reconstrução da série temporal de temperatura através da compilação de base de dados atuais fornecidas pelo INMET (Instituto Nacional de Meteorologia) e GISS/NASA (Goddard Institute for Space Studies/National Aeronautics and Space Administration), com o objetivo de criar e analisar a variabilidade e tendência do registro da temperatura comparando com indicadores climáticos, urbanísticos e socioeconômicos. Os dados obtidos até aqui mostram que a temperatura do ar na cidade do Rio de Janeiro se manteve relativamente constante entre meados do século XIX, com um aumento durante os anos de 1851 e 1881 de aproximadamente 1°C. Após o período, a temperatura sofre uma queda e logo em seguida aumenta, ordem de +1,5oC, até o final da década de 1980, seguindo o mesmo padão até os dias atuais. Tal comportamento se diferencia da tendência para a temperatura média global apresentada nos modelos climáticos do IPCC (EX.: NOAA, HadCRU e ECMWF), onde se configura um aumento. Por outro lado, ao compararmos a nossa curva de temperatura do ar reconstruída com a expansão urbana, crescimento populacional (consequentemente desmatamento) e indicadores da economia local (renda per capita e PIB), observa-se que nossa curva climática segue o mesmo padrão do aumento populacional, permitindo possível a hipótese de que a atividade humana, assim como a mudança do uso do solo e do espaço urbano tenham sido fatores importantes para o aumento da temperatura do ar na cidade do Rio de Janeiro, contrariamente aos aspectos ligados ao clima global. A uniformidade no padrão de temperatura do ar observado a partir do início do século XXI no Rio de Janeiro acompanha a curva de emissão de CO2 estimada pelo “Global Carbon Project 2022” para o Brasil.

Palavras Chave

climatologia; meteorologia; Rio de Janeiro