Dados da Submissão

Título

MODELAGEM GEOMORFOMÉTRICA DA SUSCETIBILIDADE À INICIAÇÃO DE CORRIDAS DE DETRITOS NO PARANÁ E SANTA CATARINA

Texto do resumo

As corridas de detritos são definidas como rápidos movimentos de massa orientados pela gravidade contendo uma mistura de sedimentos com distinta granulometria, rochas e água, que podem ter extensão de muitos quilômetros. Os fluxos são comumente deflagrados por uma combinação de três fatores: disponibilidade de materiais sólidos, escoamento hídrico provocado pelas chuvas e vertentes declivosas. A aplicação de modelos matemáticos, contemplando diversas variáveis, tem sido crescente no mapeamento de suscetibilidade a movimentos de massa. Destaca-se, nesse sentido, o emprego da Geomorfometria, definida como a ciência da análise quantitativa da superfície terrestre, que faz uso de Modelos Digitais de Elevação (MDE) e de variáveis quantitativas derivadas (denominados atributos geomorfométricos). Objetivou-se, no presente trabalho, aplicar atributos geomorfométricos e lógica fuzzy para identificar as áreas suscetíveis à iniciação das corridas de detritos nos estados do Paraná e Santa Catarina, que têm eventos recorrentes na região da Serra do Mar, no Vale do Itajaí e nas elevações costeiras. Os processamentos foram realizados pelo software QGIS 3.22. Foi utilizado o MDE Copernicus, com resolução espacial de 30 metros. A partir do MDE foram calculados quatro atributos: declividade, área de contribuição, índice de Posição Topográfica (IPT) e amplitude altimétrica. Tendo como referência um inventário de cicatrizes de eventos pretéritos, realizou-se a etapa de fuzzificação dos atributos geomorfométricos (onde 1 indica o grau de pertinência máximo e 0 indica o mínimo ou a ausência), determinada de acordo com as curvas de distribuição dos dados (pixels dos atributos) nos histogramas de frequência e critérios estatísticos, como média e desvio padrão. Os atributos fuzzificados foram combinados por seis operadores fuzzy e a multiplicação (product) evidenciou os melhores resultados (superiores a 0,8). De modo aleatório, 75% das áreas de iniciação de corridas de detritos inventariadas foram utilizadas para as análises do histogramas e 25% foram empregadas para a validação dos resultados da modelagem, posteriormente. O trabalho evidenciou que: i) a combinação dos atributos viabiliza identificar áreas com maior disponibilidade de sedimentos para remoção e transporte; ii) a área de contribuição vincula-se mais diretamente à influência da água, numa situação posterior à entrada no sistema (precipitação pluviométrica severa, nesse caso), onde a acumulação do fluxo denota a continuidade espacial e os valores gradativos; iii) a declividade e a amplitude altimétrica permitem ponderar a influência da energia gravitacional na deflagração dos processos de vertentes (pontualmente e regionalmente), na interface entre os deslizamentos e as corridas. Os maiores valores de suscetibilidade foram registrados nos corpos graníticos dos topos da região serrana que sustentam as elevações declivosas, com Neossolos que incrementam a suscetibilidade aos deslizamentos e que caracterizam as áreas fontes para o transporte pelas corridas de detritos. A aplicação da lógica fuzzy demonstrou potencialidade e aplicabilidade aos mapeamentos morfodinâmicos devido à flexibilidade e ao ajuste de parâmetros com base nos histogramas.

Palavras Chave

movimentos de massa; Modelo Digital de Elevação; Lógica fuzzy; Serra do Mar