51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

QUIMIOESTRATIGRAFIA ELEMENTAR DE SUCESSÕES SILICICLÁSTICAS MARINHAS PROFUNDAS DO PLEISTOCENO-HOLOCENO COMO SUPORTE À CORRELAÇÃO DE DEPÓSITOS TURBIDÍTICOS

Texto do resumo

Turbiditos são produtos sedimentares resultantes da ação de correntes de turbidez, subtipos de correntes de densidade compostas por sedimentos em suspensão em um fluxo turbulento, geralmente desencadeadas em contexto de alto gradiente topobatimétrico e em ambiente subaquoso profundo. São processos e depósitos típicos nas áreas de taludes da plataforma continental e planícies abissais e, por consequência, de difícil observação direta, em decorrência das altas profundidades e da ocorrência restrita em relação à observação histórica. Sendo assim, estudos que viabilizem o avanço da compreensão de processos físicos em fluxos gravitacionais e da distribuição de seus produtos sedimentares são importantes para a interpretação do registro geológico sedimentar; adicionalmente, há um interesse econômico relacionado, tendo em vista que os depósitos turbidíticos correspondem aos tipos de reservatórios que mais produziram petróleo na história recente do país, bem como correspondem a uma nova fronteira exploratória nas bacias da margem equatorial. Nesta perspectiva, o presente trabalho apresenta a utilização da quimioestratigrafia elementar de sucessões turbidíticas do intervalo Pleistoceno da Bacia do Espírito Santo, inseridas no sistema de cânions Watu (Watu Norte e Watu Sul), como testes de ferramenta visando à correlação destes depósitos. No contexto do Quaternário, fluxos turbidíticos são controlados predominantemente por ciclos glacioeustáticos e, por este motivo, são utilizados elementos e parâmetros elementares associados às intensidades de intemperismo químico nas fontes, as quais também devem estar em fase com as forçantes alogênicas. Os resultados preliminares sugerem uma associação entre as maiores excursões nos perfis dos parâmetros CIA (índice de alteração química, estabelecido a partir de uma razão entre óxidos) e das razões Fe/K e K/Al com a divisão bioestratigráfica baseada em foraminíferos planctônicos proposta para a região, a partir de seções hemipelágicas. Estas respostas provavelmente estão associadas às maiores variações climáticas dos ciclos glaciais-interglaciais ocorridos no intervalo temporal analisado. Enquanto as principais excursões indicadas pelos resultados das análises químicas associam-se, na maior escala, com o limite Pleistoceno-Holoceno (aproximadamente em 11 ka), representando a pasagem do ultimo glacial para o atual inter-glacial, outras excursões ocorrem ao longo do último glacial no intervalo do Pleistoceno tardio, com potencial de identificar possíveis subdivisões dos estratos. Portanto, estas ferramentas geoquímicas relativamente simples, de rápida aquisição e baixo custo, mostram-se promissoras quanto à utilização destes parâmetros em sucessões sedimentares inseridas no sistema de cânions, nas quais a aplicação de ferramentas bioestratigráficas e isotópicas em foraminíferos (δ18O) são comprometidas por retrabalhamento e mistura temporal. Os dados quimioestratigráficos têm ainda o potencial de fornecer superfícies de correlações intrabacinais que sejam correlacionáveis com a sísmica, permitindo sua utilização nas escalas tanto exploratória quanto de reservatórios. Estes resultados somam-se aos recentes avanços na aplicação da quimioestratigrafia em reservatórios carbonáticos portadores de hidrocarbonetos, demonstrando o potencial deste método estratigráfico mesmo em sucessões siliciclásticas.

Palavras Chave

Quimioestratigrafia; Turbiditos; Geologia do Petróleo; Cânions Watu Sul e Watu Norte; Bacia do Espírito Santo.

Área

TEMA 21 - Estratigrafia, Sedimentologia e Paleontologia

Autores/Proponentes

Sergio Caetano-Filho, Alexandre Grohmann Borsio, Júlia Oliveira, Cleverson Guizan Silva, Dimas Dias-Brito, Hermes Dias Brito, Katarine Costa Lacerda, Gilberto Athayde Albertão, José Alexandre Jesus Perinotto