51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

IDENTIFICAÇÃO DO LEITO FLUVIAL POR MEIO DE LEVANTAMENTO TOPOBATIMÉTRICO, BAHIA, BRASIL

Texto do resumo

A batimetria representa o primeiro e mais tradicional método acústico de investigação de áreas submersas, sendo caracterizada como a evolução de métodos expeditos feitos por medidas de cordas e pesos que atingiam o fundo submerso e marcavam a profundidade. Os novos equipamentos (e.g., ecobatímetros) permitem a realização de mapas precisos, fornecendo dados topográficos de fundo, com sistemas monofeixe, multicanais e multifeixes (i.e., conjunto de transdutores formado por múltiplas fontes de sinais acústicos).
O presente trabalho foi realizado na Lagoa de Itaparica, no município de Xique-Xique, estado da Bahia, e teve como objetivo principal o mapeamento da cota de fundo da lagoa, através do levantamento batimétrico, como subsídio técnico para o desenvolvimento do projeto executivo de engenharia para limpeza da lagoa. Em 2017, a lagoa secou completamente, e teve sua carga hidráulica restaurada em 2020 com o volume de água da chuva. A lagoa possui uma área aproximada de 1.500 hectares e está conectada ao sistema do Rio São Francisco por meio de um canal localizado ao norte da área.
A metodologia batimétrica consiste na utilização de ecobatímetros que possuem a função de medir a distância do transdutor (emissor e receptor do pulso acústico) até o fundo submerso. As ondas acústicas emitidas são constituídas de sinais de alta frequência, que se propagam a partir de uma fonte adaptada à superfície da água ou instalada no casco da embarcação. A velocidade das ondas pode variar conforme a temperatura, salinidade e pressão da água. Ecobatímetros com frequência entre 38 e 200 kHz possibilitam trabalhar tanto em águas profundas, cujas frequências menores oferecem melhor respostas, quanto em águas rasas, cujas frequências maiores fornecem resultados mais precisos. Superfícies duras ou densas, como fundos rochosos, produzem fortes reflexões do sinal acústico (ecos). Superfícies de menor dureza, como aquelas constituídas por sedimentos inconsolidados, produzem ecos ou reflexões de baixa amplitude, pois parte do sinal emitido não regressa ao transdutor, penetrando nos sedimentos.
As aquisições batimétricas foram distribuídas em perfis longitudinais espaçados em, aproximadamente, 100 m, dentro da área navegável. Na área onde não era possível a navegabilidade, foram adquiridos pontos topobatimétricos através de sistema de GPS RTK.
Com o levantamento foi possível desenvolver um mapa batimétrico, distribuído com cores mais quentes na escala cromática (e.g. vermelho) relacionadas a cotas mais elevadas e cores mais frias (e.g. azul) associadas a cotas menores, ou seja, pontos mais profundos da lagoa. Os valores de cota no levantamento variaram a partir de 393,6 m, configurando uma profundidade máxima de 2,05 m, com média de 1,15 m. O valor de nível d’água médio encontrado durante as aquisições foi de 395,7 m.
Com os dados obtidos foi possível a determinação do volume de lâmina d’água com, aproximadamente, 17.094.541,42 m³ para a Lagoa de Itaparica, no período da pesquisa. A porção central da lagoa apresentou cotas de fundo menores, caracterizando uma maior profundidade, e as bordas como regiões mais rasas. Foi possível notar também, à nordeste da área mapeada, próximo ao acesso do canal, uma vasta área com pequena espessura de lâmina d’água em relação às demais bordas da lagoa. É possível que essa região configure uma zona de retenção de sedimentos carregados pelo fluxo d’água, através do canal, do sistema São Francisco para a Lagoa de Itaparica.

Palavras Chave

batimetria; profundidade; sedimentos; Lagoa Itaparica.

Área

TEMA 02 - Recursos Hídricos e Geociências Ambientais

Autores/Proponentes

Ingrid Libânio Silva Costa Cruz, Tayná Iracema Moraes Arruda, Guilherme Augusto Silva Prosdocimi, Gustavo Wisinewski Gomes