51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

PROSPECÇÃO GEOQUÍMICA NO DISTRITO SCHEELITÍFERO DE BODÓ, RIO GRANDE DO NORTE

Texto do resumo

O Projeto “Áreas de Relevante Interesse Mineral (ARIM): Evolução Crustal e Metalogenia da Província Mineral do Seridó” (Projeto ARIM-Seridó), desenvolvido pelo Serviço Geológico do Brasil, gerou informações geológicas, geofísicas, geoquímicas de prospecção e metalogenéticas para uma área de 45.000 km2, compreendendo partes dos estados do Rio Grande do Norte e Paraíba. Especificamente para a geoquímica de prospecção, o projeto abrangeu a coleta de sedimentos ativos de drenagem em 4589 estações de amostragem. A partir de digestão química com água régia na fração <0,177 mm (<80 mesh), essas amostras foram analisadas para 53 elementos químicos. Inserido nos limites do Projeto encontra-se o Distrito de Bodó (466,96 km2), o qual abrange terras dos municípios de Santana do Matos-RN, Bodó-RN e Cerro Corá-RN. Esse Distrito é dominado por rochas do Complexo Caicó (embasamento) e das Formações Equador, Jucurutu e Seridó (supracrustais), intrudidas por rochas da Suíte Dona Inês. No Distrito encontra-se a mina de Bodó, cujo mineral-minério (scheelita; CaWO4) hospeda-se em rochas da sequência supracrustal: escarnitos associados a mármores, encaixados em anfibólio-biotita gnaisses/xistos, com intrusões de biotita granito. Para investigar a possível presença de outras mineralizações de W e elementos químicos relacionados, os dados geológicos e geoquímicos de prospecção do Projeto ARIM-Seridó no Distrito de Bodó foram submetidos a tratamento interpretativo. O Distrito abrange 39 das 4589 estações de amostragem, para cujas amostras foram selecionados 15 elementos químicos dentre os 53 analisados: Ag, As, Au, Bi, Cd, Co, Cu, Fe, Mn, Mo, Pb, Sb, Te, W, Zn. Para os dados de cada um desses elementos, foram calculados os valores mínimo e máximo, a média aritmética, a mediana, o desvio padrão, o coeficiente de variação e a assimetria. Entre esses elementos, os valores de média e mediana variaram principalmente a partir das diferenças entre suas abundâncias na crosta terrestre. Para os coeficientes de variação (CV%), os elementos com maiores variabilidades composicionais nas 39 amostras de sedimentos ativos foram Te (362%), W (309%) e Cd (276%), ao passo que os elementos Co (33%), Pb (34%) e Fe (44%) mostraram-se composicionalmente menos heterogêneos. Quanto à assimetria das distribuições, os elementos Zn (-0,1), Co (+0,1) e Cu (+0,4) possuem assimetrias próximas de zero, ao passo que os demais 12 elementos possuem assimetrias positivas superiores a +1,0, detacando-se os elementos Cd (+6,0), Te (+5,5) e W (+3,8) como aqueles de assimetrias mais elevadas. De fato, os diagramas de caixa (“boxplot”) para Zn, Co, e Cu não revelam a presença de valores deslocados ou extremos, ao passo que, opostamente, esses diagramas para Cd, Te e W revelam a presença de valores extremos na cauda superior dos dados, os quais são considerados como anomalias em relação à massa principal das distribuições (valores de “background”). Como passo interpretativo seguinte, foram confecionados mapas de símbolos para cada um dos 15 elementos, usando-se como limiares os percentis 50 (mediana), 75 e 90. O posicionamento geográfico dos teores das faixas mais elevadas dos percentis possibilitou a identificações de três trechos anômalos, nos quais há coincidência de anomalias de elementos potencialmente associados a mineralização de W, em contextos locais litologicamente favoráveis. Conjuntamente essas evidências permitem recomendar investigações mais detalhadas nesses trechos do Distrito de Bodó.

Palavras Chave

geoquímica; prospecção; sedimentos de drenagem; scheelita

Área

TEMA 11 - Mapeamento Geoquímico Multipropósitos

Autores/Proponentes

Leandro Miguel Caceres Lima, Germano Melo Júnior, Alan Pereira da Costa, Rogério Cavalcante, Raquel Franco de Souza