51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

GEOPARQUE MONTANHAS: UMA PROPOSTA NA INTERFACE ENTRE REDUÇÃO DE RISCOS DE DESASTRES, GEOTURISMO E GEOCONSERVAÇÃO

Texto do resumo

Os geoparques apresentam-se como territórios que, a partir de um geopatrimônio de relevância internacional, possuem a capacidade de contribuir com sua gestão em consonância com as dinâmicas socioambientais existentes e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. No Brasil, observa-se um panorama favorável à temática, tendo em vista as recentes chancelas da UNESCO, bem como a forte articulação entre comunidade acadêmica, gestores e diferentes atores sociais na elaboração de novos projetos e gestão de geoparques aspirantes. No estado do Rio de Janeiro (RJ), em particular, cerca de um terço do território é composto por relevos montanhosos, a maior extensão entre os estados brasileiros. Aqui, é muito clara a relação entre geodiversidade, biodiversidade, cultura, planejamento ambiental e ordenamento territorial, a partir de aspectos como: o fato do montanhismo ser considerado patrimônio cultural imaterial; as diferentes unidades de conservação que tiveram sua criação associada à proteção de mananciais e ao aspecto paisagístico das suas rochas e relevo; a ocupação urbana em relevos montanhosos, com as diferentes consequências geológicas e hidrológicas, temas que interferem e devem (ou deveriam) ser amplamente divulgados para as pessoas que vivem nestes espaços, a partir de uma política de informAção que pode contribuir na redução de riscos de desastres. Tais questões são observadas com maior clareza no setor central das escarpas serranas fluminenses, uma das áreas de maior concentração de investigação geocientífica no Brasil. Assim, a proposta Geoparque Montanhas contempla seis municípios fluminenses, a saber: Petrópolis, Teresópolis, Nova Friburgo, Magé, Guapimirim e Cachoeiras de Macacu, totalizando uma área de 4.184,878 km² e população de 970.707 habitantes. Entre os elementos da geodiversidade com grande valor patrimonial, destaca-se, no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, o Dedo de Deus, uma feição granítica de grande interesse científico e turístico. No Parque Estadual dos Três Picos, por sua vez, entre o conjunto de picos que empresta seu nome ao Parque está o Pico Maior, ponto culminante de toda a Serra do Mar (2.366m) e que, junto aos Picos Menor e Médio, representam, de forma singular, a região serrana do Rio de Janeiro. Além destes elementos de maior relevância, é necessário destacar que esta proposta deverá contemplar desde a geodiversidade costeira, englobando os últimos remanescentes de manguezais do entorno da Baía de Guanabara até o contexto de elevado endemismo dos campos de altitude, abrangendo os diferentes ecossistemas do bioma Mata Atlântica. A existência de um contingente populacional de aproximadamente um milhão de habitantes distribuído em planícies fluviais e encostas já muito suscetíveis a processos gravitacionais resulta em um quadro de grande exposição a movimentos de massa e inundação, denotando a grande complexidade entre a urbanização e os recorrentes desastres. A proposta Geoparque Montanhas está em elaboração a partir de diálogos no território desde 2023, tendo como data simbólica de lançamento o dia 11 de dezembro, Dia Internacional das Montanhas. Os diálogos incluem diferentes secretarias municipais, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Instituto Estadual do Ambiente (INEA), Frente Parlamentar de Prevenção às Tragédias e em Defesa da Moradia Digna, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e o Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (Cefet/RJ).

Palavras Chave

geopatrimônio; Escarpas serranas; Rio de Janeiro.

Área

TEMA 04 - Geodiversidade, Geoturismo e Geoconservação

Autores/Proponentes

Fernando Amaro Pessoa, Maria Carolina Villaça Gomes