Dados da Submissão

Título

INFLUÊNCIA DE ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS E VARIAÇÕES DO NÍVEL DO MAR DURANTE O HOLOCENO NA EVOLUÇÃO DE UMA PLANÍCIE COSTEIRA DO SUL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, SE BRASIL

Texto do resumo

Observa-se que no decorrer do século XX, as áreas costeiras sofreram impactos significativos em todo globo terrestre. Por isso, compreender a evolução dos ambientes marinhos de transição no que diz respeito às variações climáticas e às alterações do nível do mar é crucial. Este estudo busca identificar a influência das mudanças climáticas nos processos sedimentares durante os períodos de regressão normal e forçada que ocorreram no Holoceno inicial/médio no sudeste do Brasil. A região estudada fica no extremo leste da restinga da Marambaia, uma ilha-barreira que separa a Baía de Sepetiba do oceano Atlântico (estado do Rio de Janeiro, SE do Brasil). Com o intuito de analisar os efeitos dos impactos causados por variações climáticas e oscilações do nível do mar na área de estudo foi coletado um testemunho (SP10) com 45m de comprimento (não foi possível recuperar os primeiros 8 m da camada sedimentar). O estudo baseou-se na integração de dados texturais e geoquímicos (teores de matéria orgânica, concentrações elementares e dados isotópicos). Três datações com radiocarbono permitiram deduzir que o testemunho SP10 registra o período entre 10 e 4 ka cal BP (mil anos calibrados antes do presente), período que corresponde à transgressão marinha e à regressão que se seguiu durante o Holoceno. O testemunho SP10 é constituído predominantemente por areias. Nos seus segmentos intermediário (entre 36 e 31 m) e superior (entre 18 e 12 m), observa-se uma tendência de aumento do tamanho médio dos sedimentos. A seção de sedimentos mais finos (<63 m) localiza-se na base do testemunho, principalmente no intervalo entre 41 e 36 m. Os teores de matéria orgânica (MO) (≤9,9%; média 1,0 ± 1,9%) são geralmente baixos, apresentando valores mais elevados na base do testemunho. O conteúdo de carbonato segue um padrão semelhante ao da MO. As razões Sr/Ba sugerem que águas salobras influenciaram o ambiente de deposição, que também esteve sujeito a incursões marinhas cíclicas. Os sedimentos essencialmente félsicos do intervalo entre 45-41 m (10,0-8,5 ka cal BP), possivelmente provenientes do Complexo Pedra Branca, foram provavelmente depositados num estuário protegido integrado numa planície de maré com mangues. Posteriormente, entre 41-11 m, a influência marinha e a hidrodinâmica aumentaram, e os sedimentos exibiram uma composição mineralógica mais máfica, resultante provavelmente da erosão do Complexo Rio Negro, que se encontra principalmente na região norte da Baía de Sepetiba. O componente máfico chegou à área de estudo ainda ligada à Baía de Sepetiba provavelmente através da deriva litorânea. Durante o período de seca, registrado entre 7,5-7,0 ka cal BP (seção 25-21 m), a contribuição do componente máfico do Complexo Rio Negro diminuiu e foram acumulados sedimentos menos intemperizados. Por outro lado, as incursões marinhas na área de estudo tornaram-se mais proeminentes. Durante a fase de clima mais seco registrada no intervalo 11-9 m (após 4,0 ka BP), os valores de La/Sc indicam que os sedimentos incluíram uma maior proporção de partículas félsicas, devido a maiores restrições de comunicação entre a área de estudo e a Baía de Sepetiba devido ao desenvolvimento da ilha-barreira da Marambaia. Esses resultados são significativos, pois demonstram a influência da geomorfologia, das mudanças climáticas e do nível do mar na evolução de uma planície costeira do sul do estado do Rio de Janeiro.

Palavras Chave

Baía de Sepetiba; Geoquímica elementar; minerais; Arquitetura sedimentar; Razões geoquímicas