Dados da Submissão
Título
ANÁLISE MICROTEXTURAL DE DEPÓSITOS GLACIAIS DA BACIA DO AMAZONAS
Texto do resumo
Na borda norte da Bacia do Amazonas, município de Presidente Figueiredo, depósitos litorâneos com influência glacial, constituídos de arenitos, pelitos e diamictitos, tem sido estudados em afloramentos da Formação Nhamundá (Grupo Trombetas), do Siluriano Inferior. Em níveis estratigráficos específicos foram definidos registros da atuação de deformação glaciotectônica, definida pela presença de dobras, planos de foliação e cavalgamentos (subhorizontais e subverticais) relacionados as zonas proglacial e subglacial. Entretanto, nesses depósitos são escassos estudos sobre a microtextura superficial dos grãos, que podem dar suporte para as interpretações voltadas aos processos de deformação atuantes. Esse tipo de análise é efetuada no Microscópio Eletrônico de Varredura (MEV) e tem sido usada em estudos relacionados a processos intempéricos e paleoambientes, utilizando como indicador os grãos de quartzo, devido à dureza e ocorrência em diversos ambientes sedimentares. Nesse contexto, o presente estudo definiu 8 padrões de microtexturas superficias em grãos de quartzo (intervalo 0,250-0,125 mm) das fácies de diamictitos e arenitos que exibem padrões de deformação glaciotectônica (principalmente foliação), definidas como: planos de fratura, superfície de clivagem, sulcos retos e curvados, arco graduado, V-shapes, depressões alongadas, estrias paralelas e triangular etch pits. Em função da maior frequência de ocorrência, destaca-se no diamictito foliado as microtexturas de V-shapes e superfície de clivagem, sendo formadas por impactos/colisões de grãos em ambiente energéticos, além da microtextura triangular etch pits formada durante a diagênese, enquanto no arenito foliado se destaca a microtextura de arco graduado, desenvolvida por pressões ou choques violentos possivelmente em zona de cisalhamento associada a ambiente glacial. Na literatura geológica, o conjunto de microtexturas identificado nesse estudo pode ser associado aos padrões descritos em ambiente glacial, onde os sedimentos são transportados e depositados por correntes de água de degelo e/ou por fluxos de gravidade em depósitos de morenas. Essas feições são também associadas a regiões glaciais onde ocorre tensão de cisalhamento no contato entre grãos, bem como modificações causadas pelo esmagamento e moagem. Particularmente, a microtextura de estrias paralelas é exclusiva do ambiente glacial, sendo resultante da abrasão na superfície dos grãos em função da sobrecarga e deslizamento de geleiras sobre os depósitos sotopostos. Do mesmo modo, as microtexturas V-shapes e sulcos curvados podem também ocorrer nos ambientes fluviais e marinhos com influência glacial, onde a dinâmica de transporte dos grãos pode deixar registros na superfície dos mesmos, indicativos das sucessivas etapas de sedimentação. Neste caso particular de estudo, a integração dos dados estruturais (afloramentos) e microtexturais (MEV) se tornou uma ferramenta importante na definição de níveis intraformacionais deformados por glaciotectônica na Formação Nhamundá, Bacia do Amazonas.
Palavras Chave
Formação Nhamundá; Glaciotectônica; Microtextura Superficial; Ambiente Glacial
Área
TEMA 21 - Estratigrafia, Sedimentologia e Paleontologia
Autores/Proponentes
Carmem Nátaly Amorim Franco, Emílio Alberto Amaral Soares, Carlos Alejandro Salazar, Mayara Fraeda Barbosa Teixeira, Rodolfo Dino, Luzia Antonioli