51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

Proposta de reciclagem de gigogas (Eichhornia crassipes) visando à recuperação de solos degradados: viabilidade ecológica e ecotoxicológica

Texto do resumo

Ecossistemas eutrofizados pelo descarte indiscriminado de esgoto doméstico podem provocar a proliferação descontrolada de macrófitas aquáticas (gigogas - Eichhornia crassipes), que comprometem diversos serviços ecossistêmicos e necessitam de disposição final adequada. O presente trabalho propõe um método para a reciclagem de gigogas visando aplicação em solo, como subsídio ao seu aproveitamento potencial na agricultura e na recuperação de áreas degradadas. Para tanto, cerca de 170Kg de gigogas foram coletadas na Lagoa da Tijuca (Rio de Janeiro, RJ), separadas em raiz, caule e folha e, posteriormente, submetidas a um tratamento térmico seguido de procedimento de trituramento, visando a redução do volume de plantas e obtenção de pós de raiz, caule e folha. A viabilidade ecológica e ecotoxicológica deste processo foi avaliada através de: (i) determinação de metais pesados na biomassa de gigoga (em pó de raiz, caule e folha); (ii) determinação da capacidade de retenção de água (CRA) dos solos tratados com pó de gigoga; (iii) bioensaios agudos preliminares em solo artificial com minhocas (Eisenia andrei). As doses de pó de gigogas aplicadas ao solo variaram entre 0 (solo puro) e 20%, sendo a dose capaz de causar a morte de 50% das minhocas (CL50) estimada via análise de PriProbit. Os resultados apontam que 24h em estufa a 1050C foram condições ideias à desidratação completa das plantas. Mais de 90% da biomassa de plantas é composta por água (principalmente o caule), e a adição do pó de gigogas ao solo foi capaz de incrementar a CRA dos materiais. As concentrações de metais nos pós de raiz, caule e folha estiveram abaixo dos níveis permitidos em legislação (CONAMA 420), sendo que os teores encontrados na folha foram significativamente menores em comparação à raiz e ao caule. Os bioensaios revelaram que o pó da folha exibiu o menor nível de toxicidade (CL50 = 3,94%), seguido do pó de raiz (CL50 = 3,72%) e de caule (CL50 = 2,45%). Quando esses pós foram misturados de forma equânime (ou seja, pó total) e aplicados ao solo, o valor de CL50 foi de 3,73%, isto é, semelhante ao pó da raiz. Esta observação indica que, quando se misturam os pós, a toxicidade do pó de caule tende a ser reduzida. A mais elevada toxicidade do caule provavelmente decorre da sua baixa palatabilidade para as minhocas em função da reconhecida abundância de lignina neste material. Por outro lado, as minhocas na natureza são boas biodegradadoras de folhas, o que justifica o nível mais baixo de toxicidade encontrado para o pó de folha.

Palavras Chave

Minhoca; Metais; macrófitas aquáticas; BIOENSAIOS

Área

TEMA 02 - Recursos Hídricos e Geociências Ambientais

Autores/Proponentes

Danielle Lima Soares, Ricardo Gonçalves Cesar, Domynique da Silva Santos, Lara Filgueira, Pedro Zanetti, Gustavo Koifman, Helena Polivanov