51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

PALINOLOGIA DA FORMAÇÃO ALTER DO CHÃO – EO-MÊSO CRETÁCEO DA BACIA DO AMAZONAS

Texto do resumo

A Bacia do Amazonas possuindo uma área de 500.000 km 2 e localizada na porção setentrional do continente sul-americano, é sobejamente conhecida por seus estratos paleozoicos, portadores de rochas integrantes dos sistemas
petrolíferos da bacia e intensamente estudados pela indústria petrolífera. Entretanto, sua porção meso-cenozoica é bem menos conhecida e são raros os trabalhos de cunho científico que abrangem estes estratos. Ademais, os depósitos de idade cretácea da Bacia do Amazonas, a exemplo das demais bacias intracratônicas brasileiras são caracterizados por terem litologia predominantemente siliciclástica e condições paleoclimáticas que evidenciam ambiente semi-árido. Em função dessas condições, até o momento, apenas restritos depósitos pelíticos (siltitos e folhelhos) de coloração escura foram detectados, proporcionando um raro registro microfossilífero/palinológico preservado. Nesse contexto se inserem os estratos flúvio-lacustres da Formação Alter do Chão, unidade basal do Grupo Javari objeto da presente análise. Estudos pioneiros sobre a palinologia da Formação Alter do Chão foram efetuados no âmbito da Petrobras, onde Daemon (1975) definiu uma idade entre o meso-Albiano ao Turoniano, para esta
formação. Dino, et al (1999) em estudos de testemunhos de poços perfurados pela extinta Petromisa, em pesquisas de sulfetos na bacia, reconheceram, através de espécies diagnósticas de idade e ambiente, que a Formação Alter do Chão abrange um intervalo entre o Aptiano e o Cenomaniano; diminuindo assim a magnitude da discordância entre os depósitos paleozoicos e meso-cenozoicos da bacia. O alvo principal desta pesquisa, é ampliar o conhecimento dos palinomorfos ocorrentes no eo-meso cretáceo da Bacia do Amazonas, particularmente na Formação Alter do Chão, sob os aspectos filogenéticos, sistemáticos, bioestratigráficos, e paleoecológicos. Adicionalmente buscou-se obter um aprimoramento no conhecimento atual da sequência evolutiva da palinoflora da região; das interpretações bioestratigráficas e das determinações do paleoambiente deposicional, possibilitando ainda, melhor compreensão da natureza regional dos eventos geológicos da área. Os resultados apresentados foram obtidos através das análises palinológicas de 27 amostras de testemunhos do poço 9-FZ-28-AM. A seção que engloba a Formação Alter do Chão tem uma espessura de 490m de profundidade compostas por sedimentos arenosos e argilo-arenosos. As análises de microscopia ótica, mostra uma rica e diversificada associação palinoflorística em bom estado de preservação. Predomina material de origem continental representado pelo grupo dos fitoclastos com níveis abundantes de tecidos cuticulares, seguido por palinomorfos não marinhos (esporos e grãos de pólen). Foi possível identificar uma associação de palinomorfos onde se destacam as espécies: Cicatricosisporites microstriatus; Crybelosporites pannuceus.; Callialasporites segmentatus; Classopollis classoides; Sergipe variverrucata; Sergipe navifornis; Araucariacites australis; Inaperturopollenites turbatus; Gnetaceaepollenites similis; Uesuguipollenites callosus; Gnetaceaepollenites crassipoli; Gnetaceaepollenites concisus; Regalipollenites amphoriformis; Elateratoplicites africaensis; Gnetaceaepollenites pentacostatus. A palinoflora identificada é indicativa do Aptiano-Cenomaniano depositada em um paleoambiente continental (flúvio-lacustre) sob um paleoclima quente e semi-árido.

Palavras Chave

palinologia; Formação Alter do Chão; Aptiano-Cenomaniano; Bacia do Amazonas

Área

TEMA 21 - Estratigrafia, Sedimentologia e Paleontologia

Autores/Proponentes

Gabriel de Souza Viana Lú