51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

O USO COMBINADO DE δ13C, δ15N E MINERALOGIA NA IDENTIFICAÇÃO DE FONTES SEDIMENTARES POTENCIAIS NA PRAIA DO CASSINO-RS

Texto do resumo

Nos últimos 31 anos, a praia do Cassino (Rio Grande do Sul/Brasil) sofreu cerca de 25 episódios de deposição de lama ao longo de 50 km de extensão litorânea. A lama causa sérios prejuízos à fauna e flora locais, além de colocar em risco o bem-estar de banhistas e surfistas, que acabam presos nas zonas de arrebentação e isolados da praia por conta da lama fluida espessa. O objetivo deste trabalho é estabelecer assinaturas isotópicas e mineralógicas de lamas presentes na zona de praia, dos bolsões de lama, canal de dragagem e sítios adjacentes, em vista a identificar potenciais termos-fonte. Para isso, amostras de sedimentos superficiais foram analisadas para composições: isotópica δ13C, δ15N, C (%), N (%), C/N; e mineralogia por DRX, método Rietveld. Além disso, foi realizada a análise granulométrica, em que obteve-se a fração sedimentar através das peneiras ABNT 12, 25, 35, 60, 120, 200 e 270. Para o estudo, foram analisadas 37 amostras de sedimentos na zona de praia, 29 amostras do bolsão, e 8 do sítio de despejo da dragagem do estuário da Laguna dos Patos. As amostragens e análises foram divididas em duas remessas. A primeira remessa de amostras analisadas (19 pontos) foi recolhida do bolsão encontrado na praia do Cassino, em dezembro de 2022 e entre janeiro e março de 2023, enquanto que na segunda campanha foram recolhidas amostras (10) do bolsão e (8) no sítio de despejo, entre março e abril de 2023. A profundidade das coletas variou entre 5 a 10 m para as amostras do bolsão e 15 a 22 m para o sítio de despejo. Os resultados iniciais das análises apontaram para um perfil de matéria orgânica semelhante ao da Lagoa dos Patos, laguna vizinha à praia do Cassino, onde se encontra a região portuária. De acordo com os valores isotópicos de C, N e a relação C/N, 57% das amostras analisadas indicaram que a maior parte dos sedimentos apresentam matéria orgânica com predominância de plâncton, seguido por microalga de água salobra (49%); macroalga (27%); C4 e Spartina densiflora Brongn. (24%); Ruppia maritima L. (16%); e angiosperma marinha (5%). A observância de valores de δ13C e δ15N concordantes com os encontrados em plantas do tipo C4 sugerem uma provável influência sedimentar continental no bolsão e no sítio de despejo em decorrência das plantas marginais à Lagoa dos Patos. A interpretação mineralógica exibe um ambiente hipersalino devido à presença de quartzo e halita nas amostras. Há também a ocorrência de de albite em 88% das amostras; magnetita (50%); muscovita e rutilo (24%) e 18% de dickite. Os resultados obtidos permitem a caracterização geoquímica e mineralógica do bolsão de lama, porém são ainda necessárias análises da laguna para uma comparação multiproxy mais robusta a fim de determinar a origem da lama.

Palavras Chave

bolsão de lama; Praia do Cassino; Laguna/Lagoa dos Patos; isótopos; mineralogia

Área

TEMA 22 - Geociências Marinha e Oceanografia

Autores/Proponentes

Isadora Keidel-Machado, Heitor Evangelista