Dados da Submissão

Título

RECONSTRUÇÃO DA PALEOPRODUTIVIDADE DO LAGO PERIGLACIAL GEOGRAPHENSEE NA ILHA REI GEORGE/ANTÁRTICA DURANTE O HOLOCENO

Texto do resumo

A região da Península Antártica apresenta grande sensibilidade ao aumento da temperatura global, e representou uma das taxas mais elevadas de aquecimento anuais ao nível global. Para a Península Fildes, a maior área aflorante na ilha Rei George/Antártica, variações climáticas desde o Holoceno tardio acarretou na deglaciação, gerando áreas livres de gelo produzindo lagos proglaciais e periglaciais, que são ambientes favoráveis para a colonização de vegetação e o desenvolvimento algal e microbiológico. Tais lagos periglaciais são alimentados pela água de degelo da neve do inverno e pelos eventos de precipitação líquida durante o verão austral na Antártica Marítima. Os processos erosivos subsequentes são responsáveis por criarem canais glaciofluviais e transportarem fragmentos vegetais e sedimentos do entorno para dentro dos lagos. Além de receber estas fontes externas de organismos fotossintetizantes, a morte de organismos autótrofos dentro destes lagos leva à degradação de seus pigmentos fotossintetizantes, que também são retidos no sedimento. Esses pigmentos são registros capazes de persistir por anos no sedimento, preservando informações evolutivas sobre a paleoprodutividade e paleoclima do local relativos ao momento em que foram depositados. Estes lagos representam um ambiente ímpar para se avaliar a evolução dos processos fotossintetizantes a partir de uma matriz terrestre praticamente abiótica. Neste trabalho foi utilizado um testemunho de 4,24 m, do lago Geographensse, localizado na Península Fields, Ilha Rei George/Antártica (62°13ʹ00.0ʺ S, 59°01ʹ00.0ʺ W, 40 m asl), amostrado em novembro de 2019 a partir de uma cooperação entre o Programa Antártico Brasileiro e o Programa Ártico e Antártico da Federação Russa. A idade 14C da base dos testemunhos é de aproximadamente 8.500 anos cal BP, abrangendo parte do holoceno. O objetivo desse estudo é reconstruir a paleoprodutividade lacustre e as condições climáticas ao longo do período holocênico em lagos proglaciais através da análise dos pigmentos fotossintetizantes (UDPS - Unidade de Derivados de Pigmentos Sedimentares) presentes no sedimento. Para determiná-los, foi utilizado para extração dos pigmentos acetona 90% nas amostras e analisadas em espectrofotômetro com intervalo de absorbância de 350 a 800, sendo os valores na faixa em 667 nm considerados como representantes dos derivados de clorofila. Para a análise dos primeiros 70 cm do topo do testemunho, amostrado em resolução espacial de 3 cm, os valores variaram de 0,34 a, aproximadamente, 5 UDPS, sendo, respectivamente, cerca de 1200 anos cal AP e 2800 anos cal AP. Os baixos valores encontrados são reflexo das condições ambientais que influenciam nos lagos localizados na região antártica, com baixas concentrações de nutrientes, temperaturas e radiação PAR (photosynthetically active radiation).

Palavras Chave

produtividade lacustre; mudanças climáticas; Paleoclima; Antártica