Dados da Submissão

Título

MODELAGEM NUMÉRICA DE PROCESSOS DEPOSICIONAIS COM AUTÔMATOS CELULARES - UMA APLICAÇÃO NO SISTEMA TURBIDÍTICO ASSOCIADO AO CÂNION AÇU, QUATERNÁRIO DA BACIA POTIGUAR (BRASIL)

Texto do resumo

Neste trabalho foram realizadas modelagens numéricas de processos sedimentares relacionados a fluxos gravitacionais, visando simular correntes turbidíticas que se desenvolveram numa sucessão de superfícies paleotopográficas, por sua vez relacionadas à evolução de paleocânions ao longo do tempo, na área do atual Cânion Açu e adjacências (offshore da Bacia Potiguar), onde estão registrados depósitos de turbiditos de idade provavelmente pleistocênica. As modelagens foram efetivadas em diferentes substratos, escalas de gride e cenários de composição dos fluxos.

Os principais objetivos do estudo são verificar a plausibilidade dos resultados numéricos, tendo como base comparativa o conhecimento dos processos físico-sedimentares e os dados sísmicos disponíveis, e avaliar a aplicação da metodologia e de seus resultados em estudos de sistemas turbidíticos análogos.

A modelagem numérica utilizou o método dos Autômatos Celulares (ACs). Como não há dados diretos de rocha na área, foram utilizados apenas dados sísmicos para interpretar as superfícies a serem modeladas e gerar mapas litológicos com base em sismofácies.
A característica intrínseca do tipo de modelagem utilizado, que exige a determinação dos parâmetros de entrada por meio da execução de testes de tentativa-erro, e o alto grau de incerteza, em virtude da ausência de dados de rocha, conduziram à necessidade de aplicar uma variação paramétrica bem ampla; assim, estabeleceram-se três cenários geológicos, correspondentes aos graus baixo, moderado e alto de energia de fluxo. Para testar as respostas da modelagem à resolução dos grides de simulação, foram utilizadas duas escalas. As modelagens simularam ainda situações “mono-” (feitas nos testes) e “multi-eventos”, mais complexas e também mais realistas do ponto de vista de reprodução de fenômenos naturais.

A avaliação da qualidade dos resultados finais das modelagens baseou-se fortemente em análises comparativas, levando-se em conta (i) a evolução dos fluxos turbidíticos no tempo-espaço, (ii) a reprodução de processos físicos e sedimentares esperados em certas fisiografias (regiões de maior confinamento ou espraiamento, existência e tipo de obstáculos ao fluxo), (iii) a comparação entre resultados nos diferentes grides e cenários, (iv) a similaridade com os mapas litológicos.
O estudo comparativo indicou muitas semelhanças nos resultados entre os grides de resoluções distintas, mas com algumas diferenças significativas, especialmente na área localizada no início do desconfinamento do cânion: a maior precisão da descrição topográfica apresentada no gride de maior resolução resultou em um fluxo menos espraiado do que no outro. Além disso, os cenários moderados de energia resultaram em melhores aproximações com os mapas litológicos.

De uma forma mais ampla, os resultados da modelagem numérica reforçam o papel relevante que as fisiografias do fundo oceânico exercem na distribuição dos depósitos turbidíticos. No aspecto computacional-quantitativo, destaca-se que a metodologia dos ACs atualmente disponível permite construir modelos numéricos de forma bastante ágil e estável, mesmo em workstations de médio desempenho. No aspecto qualitativo, os resultados mostraram-se bastante satisfatórios e apontam de forma favorável para o potencial uso dessa ferramenta na previsão de regiões de ocorrência de areias e de suas espessuras aproximadas em áreas exploratórias e, possivelmente, como componente conceitual na modelagem 3D de reservatórios em produção.

Palavras Chave

Modelagem Numérica de Processos Deposicionais; Autômatos Celulares; Turbiditos; Cânion Açu; Bacia Potiguar