51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

O PATRIMÔNIO MINEIRO DE GRÃO MOGOL, NORTE DE MG: POSSIBILIDADES GEOTURÍSTICAS

Texto do resumo

A origem do município de Grão Mogol remonta à descoberta de diamantes, por volta de 1781. O garimpo iniciou no leito do Rio Itacambiruçu e se expandiu para as drenagens tributárias e encostas da região, área que hoje corresponde, em grande parte, ao Parque Estadual de Grão Mogol. Ainda é possível observar as trilhas, de origem garimpeira, que partem da cidade em direção ao parque, onde encontram-se vestígios e construções relacionadas à atividade de garimpo. No escopo da disciplina “Patrimônio Mineiro” do PPGECRN da UFOP, uma equipe multidisciplinar inventariou e visitou sítios de patrimônio mineiro, dentre eles geossítios registrados pela SIGEP. Em Grão Mogol, percorreu-se a trilha que leva à Pedra Rica (SIGEP-130), uma lente metaconglomerática reconhecida como a primeira ocorrência de diamante hospedado em rocha descrita, no mundo. Próximo ao geossítio encontram-se "lapas" ou "tocas", antigas moradias de garimpeiros construídas com matacões métricos situados na encosta da serra, apoiados em paredes de blocos encaixados e intertravados. Nas trilhas encontram-se "montoeiras", depósitos em forma de pilhas de material granulometricamente selecionado. Já no leito do Rio Itacambiruçu, rio perene e sazonalmente volumoso, observam-se grandes muros, de construção ou "reforço" feitos a base de concreto, em tempos mais recentes. Essas estruturas direcionavam seu fluxo para "canais artificiais" e podem chegar a centenas de metros de extensão e mais de 3 metros de altura. Paralelamente, o centro histórico do município evoca um passado profundamente ligado à mineração, especialmente pelas construções de pedra que adornam a cidade. A cultura do garimpo permeia a região, simbolizada pela estátua de um garimpeiro que saúda os visitantes na entrada da cidade. A tradição garimpeira permanece viva no artesanato local, que utiliza seixos e blocos das antigas lavras. Diversas instituições têm buscado o desenvolvimento turístico da região, valorizando o patrimônio natural e a rica herança cultural e histórica. Contudo, apesar do potencial geoturístico, o patrimônio geológico e mineiro permanece sistematicamente invisibilizado, merecendo maior reconhecimento e destaque por sua capacidade de contribuir positivamente para o desenvolvimento local. Surgem, então, duas perguntas cruciais: “Por quê?” E “como?” Evidentemente, este desenvolvimento requer o reconhecimento das origens da cidade e a busca ativa pela participação e envolvimento dos munícipes. Ao término dos estudos, a equipe destacou a importância das cidades ligadas à mineração para o Brasil e sua história. Muitas dessas cidades são protegidas pelo IPHAN, mas paradoxalmente, seu maior patrimônio cultural, tanto material quanto imaterial, permanece subutilizado ou pouco explorado. Este patrimônio, de difícil classificação, é provavelmente do tipo industrial, vinculado à atividade de mineração. E, neste caso, o Patrimônio Mineiro é garimpeiro e histórico. A discussão abordou ainda o significado por detrás dessa invisibilidade, em um país onde as vozes sociais muitas vezes são abafadas pelas elites, fazendo ecoar os tempos dos ciclos do diamante, controlados pelos coronéis. Destacar o Patrimônio Garimpeiro e sua pujança nas serras e trilhas não apenas revelaria um potencial turístico cativante, mas também representaria uma maneira de resgatar do esquecimento os despossuídos e explorados daquela era: os escravizados e as comunidades originárias, mostrando sua resiliência e contribuição para a história.

Palavras Chave

Serra do Espinhaço; Geoturismo; garimpo de diamante

Área

TEMA 04 - Geodiversidade, Geoturismo e Geoconservação

Autores/Proponentes

Leonardo Frederico Pressi, Marjorie Cseko Nolasco, Paulo Tarso Amorim Castro, Múcio Amaral Figueiredo, Bruno Diniz Costa, Lucas Marcones Gaião, Bruno Saback Gurgel, Bianca Alves Almeida Machado, Carla Cristina Alves Pereira