51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

O ELEMENTO CÁLCIO E O SINAL ÓPTICO NEGATIVO EM MINERAIS

Texto do resumo

Desde os primórdios da mineralogia óptica, o caráter e sinal óptico
dos minerais são uma importantíssima e eficiente ferramenta de identificação
mineral. A mineralogia aliada à cristaloquímica fornece respostas para
diferentes situações referentes ao comportamento óptico em minerais; tais
como a mudança de caráter óptico, birrefringência anômala e predominância
do sinal óptico em certos minerais. Foi notado que em minerais com grandes
quantidades de CaO (>15%) existe a predominância do sinal óptico negativo,
seja em minerais uniaxiais ou biaxiais. Em minerais uniaxiais negativos, o No
que é fixo e perpendicular ao eixo óptico é maior que o Ne que é paralelo ao
eixo óptico; desta forma a velocidade de propagação da luz é a seguinte
Ve>Vo, pois o raios e a sua velocidade são inversamente proporcionais. De
forma simplória, o Ca no reticulo cristalino age diminuindo a velocidade de
propagação da luz, tornando o Ne menor que o No. No caso dos biaxiais
negativos, o Ny está mais próximo do Nz e a bissetriz aguda próxima ao Nx.
Este estudo visou à caracterização óptica petrográfica, a geoquímica e a
influência do elemento Ca no sinal óptico de alguns minerais em lâmina
delgada. Foram selecionadas duas amostras de apatita, calcita, dolomita,
aragonita e plagioclásio em lâmina delgada de coleção particular. Para a
caracterização óptica foi utilizado um microscópio petrográfico binocular com
quatro objetivas de aumentos distintos (4x, 10x, 40x e 100x), oculares de
aumento 10x, platina móvel, acessórios de quartzo-gipso, polarizador,
analizador e lente de Amice Bertrand. Para análise geoquimica das amostras
foi utilizado o microscópio eletrônico de varredura (MEV-EDS) como resolução
nominal de 1 nm que forneceu as porcentagens dos elementos químicos
presentes nos minerais. As 10 amostras foram devidamente caracterizadas
ópticamente e apresentaram características (tais como relevo, birrefringência,
caráter e sinal óptico e etc) dentro do esperado nos 3 sistemas (luz natural,
ortoscópico e conoscópico) e principalmente, todas as 12 amostras são
ópticamente negativas. Com o aditivo do acessório de quartzo-gipso e os
fatores de soma e subtração das cores resultante do No e Ne em cada uma
dos quadrantes, percebe-se que os minerais são opticamente negativos,
devido a disposição da cor amarela no 1º  e 3º  quadrante, e da cor azul no 2º 
e 4º  quadrante. Geoquimicamente, todas os 10 exemplares apresentaram
teores dentro da normalidade e as médias das quantidades de CaO estão
listadas a seguir, da maior para a menor: calcita (56%), aragonita (53%), apatita
(52%), dolomita (34%) e plagioclásio (20%). Foi realizada uma média para os 5
minerais pois em cada lâmina havia apenas exemplares do mineral estudado e
os teores eram muito próximos, com diferenças de no máximo 0.9%. Devido a
elevada quantidade de CaO (20%) e baixo teor de Na 2 O (1%) os plagioclásios
deste estudo são anortitas. Logo, é certo que o CaO interfere nas velocidades
de propagação da luz em minerais, indepedente do mineral possuir dois ou três
indices de refração, o Ca causa um retardo na velocidade da luz dentro do
reticulo cristalino dos minerais. No entanto, não é apenas o Ca que ocasiona
isto, mas a sua posição dentro do retículo; e consequentemente quanto maior a
quantidade de CaO, mais Ca haverá dentro do retículo ocupando posições que
diminuem a velocidade da luz.

Palavras Chave

apatita; Carbonatos; uniaxial negativo; biaxial negativo

Área

TEMA 20 - Mineralogia e Petrologia Metamórfica

Autores/Proponentes

Isaac Gomes de Oliveira, Pedro Afonso Krinski Moreira, Lucilene Santos, Carlos William de Araújo Paschoal, Tereza Falcão de Oliveira Neri