Dados da Submissão

Título

INTEGRAÇÃO DE DADOS DE SUBSUPERFÍCIE NA PORÇÃO CENTRAL DO COMPLEXO DELTAICO DO RIO PARAÍBA DO SUL (CDRPS)

Texto do resumo

O Complexo Deltaico do Rio Paraíba do Sul (CDRPS), localizado no litoral norte do estado do Rio de Janeiro, vem sendo estudado desde a década de 1950. Com base em mapeamentos geomorfológicos e datações radiométricas, o CDRPS encontra-se dividido em três porções (sul, central e norte). Estudos recentes, com dados de subsuperfície, mostram uma grande variabilidade de fácies e complexidade paleoambiental na porção central do CDRPS, evidenciando que a área ainda carece de abordagens mais detalhadas. Com base nisto, o objetivo deste trabalho é compilar, integrar e reinterpretar os dados de subsuperfície disponíveis na literatura para a porção central do CDRPS; tendo por finalidade, promover uma melhor compreensão da área e refinar sua interpretação evolutiva. Para isto, além de poços profundos utilizados em estudos recentes (q.v. Carelli et al., 2018 e Plantz et al., 2018), o presente trabalho conta com dados de poços rasos perfurados na década de 1970 (q.v. Araújo & Beurlen, 1975). Com base nas coordenadas e na descrição textural e composicional, foram selecionados dois poços profundos (2-BG-1-RJ e 2-MU-1-RJ) e cinco poços rasos (PRP-10, PRP-11, PRP-12, PRP-33 e PRP-35) para correlação lito-faciológica em quatro seções strike e três seções dip. Os dados dos poços rasos foram digitalizados e reinterpretados a luz do conceito de fácies sedimentares, perfis lito-faciológicos de detalhe, além de usados para a correlação, foram essenciais para a caracterização das sucessões de fácies e do ambiente deposicional. Com base na variação textural e na presença de estruturas sedimentares, bioclastos e fitoclastos, foram descritas dez fácies sedimentares para os poços rasos, sendo quatro fácies areníticas (S1, S2, S3 e S4), três lutíticas (M1, M2 e M3), duas heterolíticas (H1 e H2) e uma fácies de turfa (T). As fácies apresentam similaridades com àquelas descritas para os poços profundos, com destaque para S2, M2 e H1, que devido ao percentual de constituintes carbonáticos, podem ser correlacionadas com as fácies híbridas de Carelli et al. (2018) e Plantz et al. (2018). Tem-se, ainda, S4 que engloba arenitos friáveis ricos em matéria orgânica, similares a fácies S2 de Carelli et al. (2018). As fácies encontram-se organizadas em quatro sucessões de fácies, indicativas de deposição sob condições marinhas (SF-M), flúvio-estuarinas (SF-FE), fluviais (SF-F) e, ainda, associadas a formação de uma planície de cordões arenosos (SF-CA). As correlações, balizadas pela topografia, indicam duas fases de deposição sob influência marinha (SF-M). A mais antiga abrange toda a área de estudo e as seções de correlação mostram uma clara variação lateral de fácies. A seção dip PRP-11/2-BG-1-RJ/PRP-12 marca a deposição sob condições flúvio-estuarinas (fácies S1, M1 e H2) a marinhas abertas (com predomínio das fácies S2 e M2), já as seções adjacentes (PRP-33/PRP-35 e PRP-10/2-MU-1-RJ) sugerem deposição sob condições marinhas restritas (predomínio da fácies H1). A deposição marinha mais recente é identificada apenas na seção strike PRP-35/PRP-12, mais próxima à linha de costa atual. SF-CA também ocorre de forma restrita, apenas no PRP-11 e 2-BG-1-RJ e, de modo geral, o topo dos testemunhos é caracterizado por depósitos fluviais lamosos (fácies M3 e T). As correlações ratificam a grande complexidade da área de estudo e, por meio da distribuição espacial das sucessões de fácies, demonstram a importância de analisar poços pouco espaçados para refinar os modelos existentes.

Palavras Chave

Planície costeira; Testemunhos de sondagem; Fácies sedimentares; Correlação litológica