51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

ÓPTICA DAS ÁGUAS-MARINHAS DO CEARÁ

Texto do resumo

Desde os primórdios da mineralogia óptica, a caracterização óptica é uma importantíssima e eficiente ferramenta de identificação mineral. A água-marinha, Be3Al2Si6018, é um silicato que se cristaliza no sistema hexagonal, é um mineral de cor azul clara que pode ser utilizado como gema e faz parte do grupo do berilo. A água-marinha possui suas propriedades ópticas bem definidas e com pouca variabilidade; no entanto, anomalias podem ser encontradas em amostras macroscópicas e microscópicas. Este estudo visou à caracterização óptica petrográfica de uma água-marinha do município de Quixeramobim (Ceará), foi selecionada uma amostra de cor azul médio para a confecção e análise microscópica; pois esta tonalidade de azul é a mais comum da região de estudo; foi confeccionada uma lâmina de secção delgada (0,03 mm) para aferir as propriedades ópticas em escala microscópica. Para a caracterização óptica foi utilizado um microscópio petrográfico binocular com quatro objetivas de aumentos distintos (4x, 10x, 40x e 100x), oculares de aumento 10x, platina móvel, acessórios de quartzo-gipso, polarizador, analisador e lente de Amice Bertrand. No sistema de luz natural, a água-marinha analisada em lâmina delgada não apresentou nenhuma cor. Devido a ausência de cor, o grão analisado não possui absorção e tampoco apresenta pleocroismo. O exemplar não apresentou clivagem e micro fraturas se fazem presente. A amostra possui hábito subhedral em razão de duas fácies bem definidas. A linha de Becke é maior que o meio (bálsamo do Canadá), em razão do índice de refração da água-marinha (~1,580) ser superior ao líquido (1,520) que está em contato com as suas bordas. O relevo deste mineral é baixo. No sistema ortoscópico, em que se faz necessário cruzar os nicóis, a cor de interferência deste grão é o amarelo de primeira ordem, o que corresponde ao comprimento de onda em 380 nm; uma cor de interferência rara para um berilo. A birrefringência, diferença entre os raios No e Ne da amostra, obtida por meio da constatação da cor de interferência e com o auxílio do acessório de quartzo-gipso é de 0,013; a cor de soma é amarelo esverdeado e a de subtração é cinza; este valor da birrefringência é muito acima da média e incomum para os berilos. A extinção é paralela à forma do mineral. O raio rápido da água-marinha (Ne) está paralelo ao maior comprimento e o raio lento (No) está perpendicular ao maior comprimento do cristal; com o raio rápido (Ne) paralelo a forma, o sinal de elongação da água-marinha é negativo. O mineral analisado não apresenta nenhum dos 6 tipos de geminação, tampouco nenhum dos 3 tipos de zoneamento. Ao visualizar a figura de interferência do grão analisado constatou-se que seu eixo óptico estava perpendicular, mas inclinado em relação a platina do microscópio, pois foi gerada uma figura uniaxial de eixo óptico descentrada. Com o aditivo do acessório de quartzo-gipso e os fatores de soma e subtração das cores resultante dos raios ordinário e extraordinário em cada uma dos quadrantes, constatou-se que o mineral é opticamente negativo. Logo, foi possível realizar uma excelente caracterização óptica do exemplar de Quixeramobim e constatar que este mineral possui duas características muito incomuns para um berilo, são elas: cor de interferência e birrefringência. As demais características ópticas estão dentro da normalidade para este mineral.

Palavras Chave

birrefringência; cor de interferência; anomalia

Área

TEMA 20 - Mineralogia e Petrologia Metamórfica

Autores/Proponentes

Isaac Gomes de Oliveira, Stéphano Ben Hur Dutra Goulart, Lucilene dos Santos, Carlos William de Araújo Paschoal, Tereza Falcão de Oliveira Neri