51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

PETROGRAFIA DE ARENITOS DA FORMAÇÃO IGARAPÉ AZUL, PRÉ-CAMBRIANO DA SERRA DOS CARAJÁS: ESTUDO COMPARATIVO DE AMOSTRAS DE AFLORAMENTOS E DO FURO HISTÓRICO FD-006.

Texto do resumo

O Grupo Águas Claras representa a unidade siliciclástica Pré-Cambriana mais exposta na Serra dos Carajás, formado pelas formações Igarapé Boa Sorte (pelitos e arenitos finos), e Igarapé Azul (vulcanoclásticas, arenito e conglomerados). Trabalhos prévios forneceram idade de 2,06 Ga através do método de Pb-Pb de sulfetos singenéticos de arenitos da Formação Igarapé Boa Sorte tem pontuado o Proterozoico para a deposição desse Grupo. A Formação Igarapé Azul é composta por arenitos epiclásticos na base e arenitos médios a grossos e conglomerados subordinado. Esta unidade é interpretada como depósitos fluviais de rios entrelaçados sobrepondo em discordância sobre os depósitos marinhos e costeiros da Formação Igarapé Boa Sorte. Devido ao intenso intemperismo e hidrotermalismo que estas unidades foram submetidas foi feito um estudo comparativo de amostras de afloramentos (AFL) e de testemunho de sondagem (AFS) de arenitos da Formação Igarapé Azul, para verificar o grau de preservação do arcabouço textural e composicional desses depósitos. A análise petrográfica de AFL, indicou dois tipos de arenitos: quartzo-arenito e sublitarenito. O quartzo-arenito, composto por quartzo monocristalino (80-90%) e policristalino (<5%), fragmentos líticos de sílex, pelitos e raros clastos de rocha vulcânica, além de minerais pesados (<1%), como zircão e opacos eudéricos (pirita?). Os constituintes diagenéticos da AFL são argilominerais (1-3%), cimento de óxido-hidróxido de Fe (1-3%), sobrecrescimento de sílica (<1%), cutícula e cimento de sericita (<1%). Os grãos são moderadamente a mal selecionados, subangulosos a subarredondados, de baixa a média esfericidade, e os contatos são retos, côncavo-convexos, semi-serrilhados a suturados. Os espaços intergranulares são preenchidos por filossilicatos autigênicos, como argilominerais e sericita, em películas contínuas ao redor dos grãos e preenchendo microfraturas. O sublitoarenito apresenta arcabouço similar ao do quartzo-arenito, porém com clorita em forma de “leque” e compactação mais evidente. As amostras de arenito do furo histórico AVL8-FD6 são exclusivamente de quartzo-arenito constituído por grãos subangulosos a subarredondados (77%) com significativa compactação. Predominam quartzo (75%), clorita (21%), sericita (2%), carbonatos (<1%), muscovita (<1%), opacos (<1%) e zircão (<1%). Ocorrem agregados intersticiais de minerais secundários e acessórios que apresentam matriz secundária sericítica (1%). Os grãos são finos a médios, subarredondados a subangulosos, mal selecionados e com baixa a moderada esfericidade. Os filossilicatos apresentam-se como cimento, preenchendo vênulas ou em zonas discretas cataclásticas com quartzo neoformado. As observações petrográficas indicam arcabouço textural e composicional similares entre as amostras da AFS e AFL, porém nesta última é nítida a preservação de minerais suscetíveis à dissolução por intemperismo como a calcita o que não ocorre na AFS. Além da calcita, a clorita e quartzo autigênico pode indicar fluidos diagenéticos e/ou hidrotermais na cimentação dos arenitos. Na AFL, filossilicatos autigênicos, possivelmente influenciados por condições meteóricas durante a telodiagênese. Estudos faciológicos e petrográficos em andamento na região da Serra dos Carajás, com o mesmo detalhe que aqueles relatados aqui, visando a elaboração de um quadro mais completo dos eventos diagenéticos e hidrotermais que afetaram a Província Mineral de Carajás durante o Proterozoico.

Palavras Chave

Província Mineral Carajás; Grupo Águas Claras; Proterozoico; diagênese

Área

TEMA 21 - Estratigrafia, Sedimentologia e Paleontologia

Autores/Proponentes

José Elias Gomes da Silva, Afonso Cesar Rodrigues Nogueira, Pedro Augusto Santos da Silva, Leandro Freitas Sepeda da Silva