51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

LAGOS COR-DE-ROSA ATUAIS COMO AMBIENTES ANÁLOGOS PARA DEPÓSITOS APTIANOS DE HALITA, SILVITA E CARNALITA: BACIA SERGIPE-ALAGOAS, NE DO BRASIL

Texto do resumo

Os estudos sobre rochas evaporíticas aptianianas da Bacia Sergipe-Alagoas iniciaram em 1972 e o conhecimento adquirido levou a extração de carnalita e silvita para a indústria de fertilizantes. O objeto de estudo deste trabalho foi o depósito evaporítico aptiniano situado no município de São Cristóvão (SE). O objetivo foi inferir sobre a variação química da salmoura e o ambiente de formação dos sais do depósito, além da comparação com sais de outros depósitos aptianos. As descrições macroscópicas dos testemunhos de sal-gema foram realizadas com auxílio de lupa de bolso. As análises geoquímicas foram realizadas através da fluorescência de raios-x, para metais pesados, e difratometria de raios-x para teores de Br, Mg, SO4 e quantidades normativas e residuais de outros elementos associados. A sequência evaporítica estudada apresenta 133,44 m de espessura. As camadas iniciais são compostas pela associação de calcilutitos e folhelhos, contendo nódulos de anidrita. Estes nódulos possuem formato arredondado e tamanho variável entre 1 e 10 cm de diâmetro. Por vezes, podem aparecer deformados ou mesmo falhados/fraturados. A sequência salina é composta por halita, silvita e carnalita. Na halita, ocorrem cristais de hialinos sustentados por matriz de folhelhos ou carbonatos e matéria orgânica, que concede a coloração escura a estas rochas. Por vezes, os cristais de silvita/silvinita apresentam mais de uma orientação preferencial, o que provavelmente indica fases de dissolução e recristalização ou fases deformacionais distintas intrasal. Os carbonatos aparecem dolomitizados e com associação de falhas, desde graben e horst a falhas normais. Os resultados das análises geoquímicas evidenciaram teores de taquidrita e bischofita residual na carnalita e halita. Estes teores variam entre 0 e 0,12 mol para a taquidrita e entre 0 e 0,06 mol para a bischofita. Assim, as carnalitas foram classificadas em dois grupos, um com maior presença de taquidrita residual, e outro, com maior presença de bischofita residual. Os teores baixos de metais pesados oscilaram entre 0 e 0,01 ppm em média. A presença de taquidrita nas amostras de carnalita, indica que o paleoclima da bacia não oscilou para além de 1% de umidade do ar, condição necessária para a formação da taquidrita. Isto indica que o ambiente apresentava uma uma baixíssima pluviosidade média, se assemelhando a climas de desertos frios, como o Deserto de Atacama no Chile. Os baixos teores de metais pesados nos sais do depósito estudado evidenciam que, apesar das águas marinhas implicadas na formação dos sais coexistirem com o processo de rifteamento do Gondwana, estas não sofreram influência do vulcanismo associado ao rifte. Os teores de potássio altos no sal indicam um ambiente hiperssalino análogo aos lagos rosados australianos.

Palavras Chave

Evaporitos; Bacia Sergipe-Alagoas; Lagoas cor-de-rosa; Sal-Gema; Geoquímica Salmoura

Área

TEMA 09 - Recursos Minerais, Metalogenia, Economia e Legislação Mineral

Autores/Proponentes

Fernando Xerxes Pereira Gomes, Adriane Machado, Aracy Sousa Senra, Joaquim Daniel De Liz