51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

Geocronologia U-Pb por LA ICP-MS e Petrografia dos Rutilos Dourados de Novo Horizonte, Bahia: Implicações Regionais e Modelo Genético

Texto do resumo

No municípío de Novo Horizonte, localizado na região ocidental da Chapada Diamantina, Bahia, ocorrem extensos veios de quartzo com inclusões de rutilo dourado e hematita especular encaixados em meta-riolitos da formação homônima. Nas últimas décadas, minerais como rutilo, titanita, xenotima e monazita foram usados para identificar a idade, duração e extensão da circulação de fluidos hidrotermais associada as fases tardias do Orógeno Araçuaí. Este trabalho teve como objetivo fornecer dados inéditos acerca dos grãos de rutilo dourado e caracterizar o seu processo de formação. As amostras de quarzto com rutilo dourado e de meta-riolito usadas nesse estudo foram coletadas em garimpos na região de Novo Horizonte. A caracterização petrográfica dos meta-riolitos foi realizada através de lâminas analisadas sob microscópio ótico, MEV e EDS. Os elementos maiores de diversos minerais foram analizados através de EPMA. Já a datação geocronológica por U-Pb foi realizada por LA ICP-MS, utilizando-se um cristal de rutilo com cerca de 2 cm montado em um disco de resina. Os equipamentos utilizados na aquisição dos dados analíticos fazem parte do Laboratório de Microscopia e Microanálises (Lmic) e do Laboratório de Geoquímica Isotópica, DEGEO/UFOP. Os meta-riolitos da Fm. Novo Horizonte são formados por quartzo, por vezes com textura simplectítica, sub-édrica e de engolfamento (40%), e feldspato (40%), frequentemente com textura anti-rapakivi, porfirítico e sericitizado (40%). Os minerais de Fe e/ou Ti (10%) são anédricos e apresentam textura de intercrescimento. Deste grupo, a hematita é a mais abundante, seguida por titanita, ilmenita e rutilo. A calcita (5%) preenche fraturas em grãos de quartzo e de feldspato, enquanto a apatita (1%) ocorre inclusa em óxidos de Fe e/ou Ti com hábito anédrico a euédrico. A matriz homogênea é formada por finos cristais de quartzo, feldspato e opacos. Os veios de quartzo apresentam cristais de rutilo dourado aciculares, que por vezes apresentam crescimento epitaxial com a hematita especular, formando padrões em “estrela”. Os dados de química mineral revelaram que a hematita associada a veio de quartzo apresenta teores de TiO2 (6,2%) maiores em relação aos grãos de hematita do meta-riolito (1,3%). Da mesma forma, o rutilo presente no veios possui teores superiores de Fe2O3 (3%), e Nb2O5 (4,4%) do que os rutilos do meta-riolito (1% e 0,6%, respectivamente). A titanita, encontrada somente nos meta-riolitos, apresenta impuresas de Al2O3 (5,4%), Fe2O3 (1,9%), Nb2O5 (0,2%) e V2O3 (0,1%). A idade U-Pb de 483,2±5,5 Ma para o grão de rutilo é a mais jovem já obtida para a região e corrobora o espectro de idades apresentadas por Chaves et al (2018) e Gonçalves et al (2019). Com base nos dados apresentados, propõem-se que o rutilo e a hematita dos veios formaram-se pela remobilização hidrotermal do Fe e Ti a partir da ilmenita e titanita presentes no meta-riolitos da Formação Novo Horizonte. Este trabalho contribui de forma inédita para o entendimento dos processos hidrotermais relacionados a formação dos veios de quartzo com rutilo dourado e hematita especular da região de Novo Horizonte, Bahia. Por fim, os dados de campo associados aos dados geocronológicos, geoquímicos e petrográficos, permitiram a elaboração de um modelo que mostra que ocorreu atividade hidrotermal associada a Orogenia Brasiliana até o limite Cambriano/Ordoviciano.

Palavras Chave

rutilo; hematita; hidrotermalismo; geocronologia; Orógeno Araçuaí

Área

TEMA 20 - Mineralogia e Petrologia Metamórfica

Autores/Proponentes

Emílio Evo Magro Corrêa Urbano, Lucca Martins Lotti Soares, Cristiano Carvalho Lana, Marco Paulo Castro, Ricardo Scholz