51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

Frequência dos regimes transcorrente e reverso atuais em bacias petrolíferas brasileiras – uma estimativa a partir de informações disponíveis em bases de dados globais

Texto do resumo

Desde os anos 90 muito é investido em metodologias para prever o papel de falhas no controle do fluxo de fluidos em reservatórios de hidrocarbonetos (i.e. barreira, conduto ou híbrida). As tecnologias desenvolvidas enfatizam falhas normais porque estas possuem rejeito vertical significativo e são mais fáceis de serem identificadas na sísmica, induzindo à percepção que são predominantes em reservatórios e que os efeitos de outros regimes de deformação não são tão relevantes. Considerando a variabilidade de resolução dos métodos de investigação em subsuperfície (poucos centímetros ou dezenas a centenas de metros) e a frequência com que os modelos de fluxo necessitam ser ajustados para honrar o histórico da produção, conclui-se que o conhecimento dos processos que determinam o comportamento hidráulico de falhas é ainda incompleto, incluindo o papel do regime tectônico.
Este estudo buscou estimar a frequência provável da ocorrência dos regimes transcorrente e reverso nas bacias petrolíferas brasileiras. Estas bacias estão em contexto de tectônica intraplaca, por isso enfatizou-se a frequência de falhas transcorrentes. Foram realizadas análises estatísticas com diagramas de Pareto, utilizando dados disponível no site do projeto Mapa Neotectônico do Brasil (MNB) e na base do World Stress Map (WSM).
Do projeto MNB foi analisado o “Mapa de tensões do território brasileiro”, que contém 60 registros, classificados por confiabilidade. A classe A (mais confiável) não tem dados representados, a classe B tem 22 dados (37%), a classe C tem 27 dados (45%) e a classe D tem 11 dados (18%). Destes dados, identifica-se que ~48% da deformação corresponde a falhas inversas e ~35% é transcorrente.
A base de dados do WSM contém 42.870 medidas, que se distribuem por todo o globo, desde a superfície até 40Km de profundidade, foi produzida usando diferentes métodos da academia (dados de afloramento e de mecanismos focais de terremotos), da mineração e da engenharia de grandes obras (overcorring) e da indústria de petróleo (breakouts e operações de fraturamento) para a estimativa de tensões in-situ. A análise destes dados indica que ~27,4% da deformação global é transcorrente e ~26% é reverso. Incluindo falhas normais e reversas com componentes oblíquas, ~30,9% da deformação é transcorrente. No Brasil os dados totais disponíveis (152 medidas) indicam ~26,3% de regime reverso e ~25% de transcorrente (~32,9% incluindo falhas oblíquas). Os dados foram filtrados para restringir condições de profundidade (0-0,9km; 1-4,9km; 5-9,9km; 10-15km) e metodologias (fraturamento hidráulico; breakouts) mais coerentes com bacias sedimentares petrolíferas. Os resultados obtidos indicam que de 0 a 0,9Km ~34,6% da deformação é reversa e ~15,4% é transcorrente. No intervalo de 1 a 5,9Km ~26,2% da deformação é reversa e ~21,4% é transcorrente. Entre 5 e 9,9Km predomina a deformação transcorrente, com ~51,7%, sendo o regime reverso equivalente a ~10,3%. Entre 10 e 15km não há dados produzidos pela indústria petrolífera e, por isso, este intervalo foi desconsiderado.
Considerando as proporcionalidades das metodologias aplicadas por intervalos de profundidade, concluiu-se que a transcorrência ocorreria nas bacias sedimentares brasileiras com uma frequência de 18 a 26%. O regime reverso equivale a ~10%, podendo chegar a 20%. Sugere-se que estes regimes tectônicos tenham uma maior relevância para efeitos de estimativa do papel de falhas no controle do fluxo de fluidos em reservatórios.

Palavras Chave

Regime tectônico; Capacidade hidráulica de falhas; Falhas transcorrentes; Falhas reversas

Área

TEMA 08 - Sistemas petrolíferos, exploração e produção de hidrocarbonetos

Autores/Proponentes

Aline Theophilo Silva, Anderson Moraes, Luis Mauricio Marques Santos Lima