Dados da Submissão

Título

EVOLUÇÃO ESTRATIGRÁFICA E GEOMETRIAS DOS SISTEMAS TURBIDÍTICOS DO OLIGOMIOCENO E MIOCENO - BACIA DE CAMPOS

Texto do resumo

O arcabouço estratigráfico dos sistemas turbidíticos do Oligomioceno e Mioceno da Bacia de Campos é constituído por cinco sequências estratigráficas de 3ª ordem, que foram estudadas ao longo de seu perfil deposicional (plataforma, talude e bacia), estendendo-se por aproximadamente 200 km. Tal arcabouço e a sua interpretação evolutiva resulta da integração de mapeamentos sísmicos regionais em dados 2D e 3D, dados de perfis elétricos de 200 poços de petróleo e a caracterização faciológica de fácies genéticas obtida a partir do estudo de 1700 m de testemunhos.
Estes sistemas turbidíticos, depositados acima do Marco Azul da Bacia de Campos (marco inter-regional Braarudosphera chalk), são produtores nos campos de Albacora, Caratinga, Marlim, Marlim Leste, Barracuda, Marlim Sul e Albacora Leste, sendo responsáveis pela maior produção de óleo de águas profundas em turbiditos de 2000 a 2012.
Os principais elementos arquiteturais caracterizados em mapas e seções sísmicas e calibrados com as associações de fácies são: (1) Vales incisos na plataforma; (2) Complexo de Deltas de borda de plataforma; (3) Zonas de by-pass de talude, com condutos retilíneos e/ou canyons; (4) Múltiplos canais areno-conglomeráticos braided, - com espessuras de até 100 m; (5) Lobos arenosos assimétricos e/ou alongados, parcialmente retrabalhados por correntes de fundo, com espessuras desde 40m até 120 m (controle local, no bloco baixo de uma falha normal). Estes elementos são encontrados, também, em muitas das descobertas em turbiditos no Atlântico.
O Complexo de Deltas de borda de plataforma caracteriza-se por arenitos grossos a conglomeráticos, ricos em bioclastos, com espessuras de até 200 m. Estes depósitos resultam da deposição durante o trato de sistemas de mar baixo tardio, em cada sequência de 3ª ordem.
Enchentes catastróficas durante os sucessivos rebaixamentos do nível do mar de 3ª ordem (falling stage) foram os principais gatilhos de transferência de sedimentos siliciclásticos para a bacia. O soerguimento e a denudação da Serra do Mar forneceram grandes volumes de sedimentos para o preenchimento de baixos topográficos controlados pela reativação de estruturas herdadas do rifte e modificadas pela halocinese.
As principais fácies dos turbiditos por ordem de volume são: a) arenitos maciços médios/finos, com grânulos dispersos e a presença de fragmentos de carvão; b) arenitos finos/muito finos laminados; c) conglomerados com grânulos de quartzo, feldspatos e bioclastos (gastrópodes); d) arenitos médios/grossos intraclásticos; e) Heterolitos areno-pelíticos, que ocorrem separando ciclos.
O controle tectônico ficou evidenciado através de dois padrões principais: a) a orientação dos vales incisos e canyons de NW para SE que transferem os sedimentos para a bacia; b) padrão de falhas lístricas NE/SW que definem quebras no gradiente, causando desaceleração dos fluxos gravitacionais e sua consequente deposição em depocentros downdip. Constatou-se a migração dos depocentros sedimentares ao longo do tempo, com o deslocamento de depocentros de SW (mais antigos) para NE (mais jovens), em função da variação do nível do mar e os controles tectono-fisiográficos da bacia.
Este estudo, integrando as diferentes escalas, sísmica, perfis e rochas, permitiu a interpretação de cinco sequências deposicionais de 3ª ordem, e a proposição de um modelo geológico evolutivo no tempo e no espaço, passível de utilização nas escalas da Exploração e do Desenvolvimento da Produção.

Palavras Chave

Turbiditos; Fácies genéticas; Geometrias; Reservatórios; Estratigrafia de Sequências