51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

PETROGRAFIA DAS ROCHAS VULCÂNICAS DO DOMÍNIO IRIRI-XINGU NA REGIÃO DE SÃO FÉLIX DO XINGU-PA, SUDESTE DO CRÁTON AMAZÔNICO

Texto do resumo

Depósitos vulcânicos (efusivos e piroclásticos) do Paleoproterozoico (ca.1880−1870 Ma) de composição bimodal afloram na região de São Félix do Xingu-PA e são geralmente organizados nas formações Sobreiro e Santa Rosa. Esses depósitos ocorrem inseridos no denominado Domínio Iriri-Xingu, localizado no sudeste do Cráton Amazônico, e têm sido associados à SLIP Uatumã, cuja origem está ligada à tafrogênese do Orosiriano como resultado da quebra do supercontinente Columbia no final do Paleoproterozoico. A Formação Sobreiro, unidade basal, encerra predominantemente depósitos de fluxo de lava básica a intermediária, com características de vulcanismo fracamente explosivo, enquanto que a Formação Santa Rosa, unidade de topo, encerra principalmente depósitos piroclásticos ácidos, evoluídos e altamente explosivos, além de vulcânicas efusivas ácidas. Embora essas unidades já tenham sido bem documentadas, as suas características petrográficas ainda carecem de estudos de detalhe que permitam uma melhor compreensão acerca da evolução desses depósitos. Neste trabalho, nós estudamos uma sucessão vulcânica com cerca de 150 m de espessura nas proximidades das vilas Primavera, Central e Canopus. A partir de afloramentos-chave, amostras de rocha foram coletadas com objetivo de caracterização petrográfica dessas unidades. A Formação Sobreiro é caracterizada por apresentar texturas do tipo porfirítica a glomeroporfirítica, amigdaloidal, comumente traquítica. Pseudomorfos de vidro vulcânico alterado para clorita são recorrentemente observados, mas não ultrapassam as dimensões de lapilli. Em termos composicionais, os litotipos pertencentes a esta formação variam entre basalto e andesito. Por outro lado, a Formação Santa Rosa é caracterizada por apresentar dominantemente texturas do tipo porfirítica a glomeroporfirítica, ignimbrítica e vitroclástica. Em texturas do tipo ignimbrítica, cristaloclastos de feldspato alcalino, quartzo e plagioclásio ocorrem rotacionados e quebrados (jigsaw-fit texture) imersos em matriz levemente a intensamente soldada, eutaxítica a parataxítica (i.e. reomorfismo) e geralmente sericitizada. Fragmentos de púmice ocorrem achatados (fiamme) e comumente recristalizados com textura esferulítica, microgranofírica e micropoiquilítica. Em texturas do tipo vitroclástica é comum a ocorrência de pseudomorfos de shards vulcânicos (geralmente em morfologia tabular a cúspide ou em “X” ou “Y”) constituindo geralmente uma matriz fina e maciça, que por vezes apresenta laminação plano-paralela e cruzada (laminação de queda?). Por outro lado, em texturas do tipo porfirítica a glomeroporfirítica, fenocristais de quartzo e feldspato alcalino ocorrem geralmente imersos em uma matriz microcristalina ácida com feições de desvitrificação (e.g. esferulitos, recristalização micropoiquílitica e microgranofírica), além de feições indicativas de fluxo magmático. Amígdalas ocorrem preenchidas por quartzo, clorita e/ou calcita. Os principais litotipos da Formação Santa Rosa incluem tufo cinerítico, tufo de cristais, lapili-tufo de cristais e brecha co-ignimbrítica de composição dacítica a riolítica, além de ocorrência subordinada de dacito e riolito. Os resultados corroboram com a interpretação de mudança composicional e variação no estilo de vulcanismo em direção ao topo da sucessão. Essa característica ocorre registrada não somente na diversidade litológica, bem como, nas diferentes texturas e feições microscópicas observadas.

Palavras Chave

Paleoproterozoico; Cráton Amazônico; Domínio Iriri-Xingu; Depósitos vulcânicos; formações Sobreiro e Santa Rosa.

Área

TEMA 19 - Magmatismo e Processos Petrogenéticos

Autores/Proponentes

Paulo Pereira Albuquerque, Raphael Neto Araújo, Lúcia Travassos Rosa-Costa