51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

INVESTIGAÇÃO GEOQUÍMICA DE OSSOS DE VERTEBRADOS NA BACIA DE SÃO JOSÉ DE ITABORAÍ PARA O ESTUDO DA FOSSILDIAGÊNESE

Texto do resumo

A Bacia de São José de Itaboraí sofreu um alagamento após o fim das atividades de mineração em sua área, em 1984. Com isso, o acesso aos afloramentos da Sequência Deposicional S2, que abriga uma importante fauna de mamíferos paleocênicos, foi impossibilitada. As avaliações de material previamente coletado se tornam, portanto, essenciais para estudo mais aprofundado das condições paleoambientais da bacia. Uma das questões a serem respondidas é a contemporaneidade das fissuras cársticas que compõem a S2, visto que apesar de ocorrerem em uma diminuta área (1400m x 500m), têm características diferentes em topografia, fauna e, finalmente, nas colorações dos ossos encontrados em cada uma, o que é o foco deste trabalho. Enquanto as “Fendas 1949 e 1948/49” apresentam nos seus fósseis um espectro de colorações, a”Fenda 1968” apresenta fósseis consistentemente de um tom marrom escuro. O objetivo desse trabalho é avaliar o material vertebrado de Itaboraí, com foco nos ossos marrom-escuros, em busca das condições fossildiagenéticas por trás das mesmas. Para tal, uma série de análises petrográficas e geoquímicas foi realizada em doze lâminas delgadas e cinco ossos pulverizados da bacia: a histologia e mineralogia foram investigadas através de microscopia ótica em luz branca polarizada, luz UV e microscopia eletrônica de varredura acoplada a EDS; o material pulverizado, por sua vez, foi alvo de análises de DRX, FRX e COT. Duas correlações principais foram encontradas na geoquímica: uma entre as mudanças de colorações e o teor de ferro nas amostras, que não explica, porém, a coloração marrom escura dos ossos da “Fenda 1968”; a segunda é entre a coloração escura e o teor de matéria orgânica. A histologia e mineralogia, por sua vez não mostram diferenças que possam explicar satisfatoriamente as mudanças de coloração. Com isso, propõe-se que a “Fenda 1968” representa um contexto mais redutor no ambiente de soterramento, com alto aporte de matéria orgânica; enquanto isso, a presença de óxidos de Fe nas “Fendas 1948/1949 e 1949” representaria condições oxidantes. O tamanho diminuto da bacia, além das diferenças supracitadas entre as fendas, levam à corroboração da hipótese de que as fendas de Itaboraí possam não ser contemporâneas, sendo depositadas em momentos diferentes da evolução da bacia. Isso não só refinaria o conhecimento da evolução sedimentar da bacia, mas teria implicações para a evolução das faunas de mamíferos sul-americanos no limite Paleoceno-Eoceno.

Palavras Chave

Itaboraí; Paleoceno; geoquímica; fossildiagênese; vertebrados

Área

TEMA 21 - Estratigrafia, Sedimentologia e Paleontologia

Autores/Proponentes

João Carlos Rodrigues, Lílian Paglarelli Bergqvist