51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

MODELAGEM HIDROGEOQUÍMICA DA INJEÇÃO DE CO2 EM ROCHAS BASÁLTICAS DA FORMAÇÃO SERRA GERAL POR MEIO DE UM POÇO TUBULAR PROFUNDO

Texto do resumo

Introdução: A conferência de mudanças climáticas das Nações Unidas de 2015 adotou uma tarefa desafiadora para o aquecimento global para menos de 2ºC. Para alcançar o objetivo, a captura e o armazenamento de CO2(CCS) tem se tornado cada vez mais necessário para fins de reduzir as concentrações de CO2 antropogênicas na atmosfera(Klajmon et al., 2017). Uma das alternativas encontradas é o armazenamento do CO2 em subsuperfície. Por meio de alguns projetos pilotos, tais como o Carbfix, instalado na Islândia, rochas de composição basáltica tem se tornado referência no processo de armazenamento de dióxido de carbono(Lu et al., 2024; Vienne et al., 2022). Ao reagir com o dióxido de carbono, minerais precipitados podem capturar o CO2 em suas estruturas cristalinas (trapeamento mineral) e minerais dissolvidos podem formar soluções nas quais o dióxido de carbono é solubilizado(Gislason et al., 2010). Visando alternativas para armazenamento do dióxido de carbono no terrítorio brasileiro, o estudo atual focou em realizar uma modelagem hidrogeoquímica de um sistema composto por um poço tubular existente na bacia do Paraná na região de Frutal-MG. O poço possui profundidade de 1200 metros, sendo aproximadamente 1000 metros composto de rocha basáltica(Fm. Serra Geral). Objetivos: O trabalho visa obter o cálculo de especiação dos minerais presentes no sistema, para que assim seja possívels conhecer as espécies dissolvidas e precipitadas no sistema. A partir das informações de especiação dos minerais, verificar-se-á, sobretudo, a viabilidade de armazenamento de CO2 no sistema. Métodos: Para realização do estudo foram necessários os dados geoquímicos da água encontrada no poço, da rocha basáltica e das condições de Temperatura, Pressão e pH do sistema. Além dessas informações foi necessário a utilização do software PHREEQ e do banco de dados do Carbfix. Resultados: Dentre os minerais dissolvidos, verifica-se uma ordem de dissolução com o aumento da concentraçao de CO2 no sistema, sendo: Faialita(Fe2SiO4), Forsterita (Mg2SiO4), Hedenbergita(CaFe2(Si2O6)), Ferrosilita(Fe2Si2O6), e Enstatita(Fe2Si2O6). Dentre os minerais precipitados, notou-se que o Quartzo(SiO2) foi o mineral mais precipitado, seguido da Magnetita(Fe3O4), Diopsídio(CaMg(Si2O6)) e Anortita(CaAl2Si2O8). A ordem dos minerais mais precipitados é válida, pois a sílica é a espécie mineral mais abundante nos minerais dissolvidos. Em seguida, o Ferro é o elemento químico mais liberado pelos minerais dissolvidos, o que leva à precipitação da Magnetita. Em seguida, Diopsídio e Anortita precipitam em menores quantidades por ter menor disponibilidade de Magnésio e Cálcio disponíveis no sistema. Conclusão: A modelagem hidrogeoquímica do sistema foi capaz de mostrar uma ordem de dissolução dos minerais presentes no modelo hidrogeoquímico que está de acordo com a série de Bowen. De acordo com a distribuição das espécies em solução, é possível notar que a medida em que se aumenta a concentração de CO2 no sistema, há um aumento das espécies químicas HCO3-, MgHCO3+, MgCO3, CaHCO3+, CaCO3, CO32-. Essas espécies químicas podem ser interpretadas como as “sequestradoras” do CO2 injetado no sistema. Foi possível verificar que 84% do CO2 encontra-se em trapeamento por solubilidade, 15% em trapeamento mineral e 1% em trapeamento residual. Dessa forma, verifica-se que o sistema simulado é capaz de armazenar o CO2, sendo o trapeamento por solubilidade a principal forma de armazenamento do CO2.

Palavras Chave

Modelagem hidrogeoquímica; CCS; Formação Serra Geral; PHREEQC

Área

TEMA 13 - Transição de matriz energética e energia renovável

Autores/Proponentes

André Luiz Pontara Torres, Alessandro Batezelli