51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

SUÍTE SERRA DO DESERTO: UM ESTUDO PETROGRÁFICO E LITOGEOQUÍMICO DE GRANITOIDES STATERIANOS DA PROVÍNCIA BORBOREMA, CEARÁ

Texto do resumo

Este estudo teve como objetivo caracterizar petrográfica e geoquimicamente a Suíte Serra do Deserto, em sua porção localizada no estado do Ceará, especificamente entre os municípios de Potengi, Aratama e Quincuncá. A Suíte Serra do Deserto, com idade estimada no Stateriano (1,7 Ga), está inserida no Domínio Rio Grande do Norte da Província Borborema, fazendo contato com o batólito Assaré-Campos Sales. Para tanto, foram realizados trabalhos de campo, descrição petrográfica em lâminas delgadas de amostras representativas da unidade e análises químicas de elementos maiores e traços obtidas por ICP-MS. Os resultados foram plotados em diagramas de classificação, diagramas multielementares normalizados e diagramas de classificação de ambiente tectônico. A Suíte Serra do Deserto, em termos petrográficos, é composta por augen gnaisses de coloração cinza, exibindo textura variada, incluindo milonítica, porfiroblástica e inequigranular porfirítica. Os fenocristais de K-feldspato, que atingem até 2 cm, apresentam forma facoidal, enquanto a matriz apresenta textura fina a média, composta por quartzo (25%) com grãos anédricos, extinção ondulante, e subgrãos; K-feldspato (60%) subédrico com geminação tartan, micropertitas e mirmequitas; e biotita (11%) em aglomerados de pequenas lamelas de aproximadamente 0,5 mm. Além disso, foi possível observar a formação de clots da biotita com anfibólios. Os minerais acessórios incluem opacos (3%), plagioclásio (1%) e titanita (1%). A clorita, que substitui a biotita, e a sericita, que ocorre próxima aos feldspatos, são os minerais de alteração. As rochas da Suíte Serra do Deserto apresentam teores relativamente elevados de SiO2 (68,6-75,6%) e Na2O+K2O (7,6-10,22%), e baixos teores de Fe2O3t (1,5-3,6%) e TiO2 (1,1-3,6%). No diagrama TAS, as amostras se projetam no campo das séries subalcalinas, com algumas amostras no campo das alcalinas. A associação com outros diagramas, como os de Frost e o diagrama Nb=Zr+Ce+Y vs FeO/MgO, permite confirmar sua natureza alcalina a shoshonítica, o padrão levemente ferroso e a tendência levemente peraluminosa a metaluminosa. Segundo o diagrama de Middlemost, algumas amostras podem ser classificadas como quartzo monzonitos, embora os granitos sejam predominantes. O diagrama multielementar normalizado para o condrito indica enriquecimento em todos os elementos incompatíveis, especialmente os LILEs, com anomalias em elementos como Nb, Ti e P, além de um padrão pontiagudo. O diagrama normalizado para o manto primitivo apresenta um clássico padrão de asa de andorinha com anomalia negativa em Eu, além do enriquecimento nos elementos ETRs (CeN/YbN = 10). A análise desses dados geoquímicos, juntamente com a classificação das amostras em diagramas de tipologia de granitos, sugere que a Suíte Serra do Deserto se originou em um ambiente intraplaca anorogênico. Essa interpretação se coaduna com o contexto geodinâmico da Província Borborema durante o Stateriano, que era marcado por um regime extensional.

Palavras Chave

Suíte Serra do Deserto; Província Borborema; Litogeoquímica; caracterização petrográfica

Área

TEMA 19 - Magmatismo e Processos Petrogenéticos

Autores/Proponentes

Tomaz Emrich Salles Pessoa, Cícera Neysi Almeida