51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

GEOMORFOLOGIA QUANTITATIVA APLICADA A ESTUDOS DE REATIVAÇÃO TECTÔNICA EM SEGMENTOS DE FALHAS INTRAPLACA E FORMAÇÃO DE BACIAS PULL-APART: O CASO DO LINEAMENTO AZ 125º, ALTO PARANAÍBA - BRASIL

Texto do resumo

As bacias pull-apart foram identificadas pela primeira vez no Death Valley, Califórnia. Em geral, ocorrem ao longo de grandes falhas tanscorrentes, incluindo a Zona de Falha da Anatólia e a Bacia do Mar Morto, um dos exemplos mais conhecidos. Diversos estudos indicam que curvamentos ou desvios em sistemas de falhas transcorrentes do embasamento são uma origem comum. O deslocamento transtensional em tais bacias tem valor econômico, aprisionando hidrocarbonetos (por exemplo, Bacia do Araripe) e várias mineralizações. No Brasil, diversos estudos mostram reativação cenozoica em segmentos e junções de grandes zonas de falha proterozoicas, preferencialmente reativadas durante a abertura do Atlântico no Mesozoico. Embora o Lineamento Az 125º, reativado durante o Mesozoico, seja considerado uma das zonas de falha mais importantes do interior da Placa Sul-Americana, sua possível reativação durante o Cenozoico precisa ser melhor entendida. Aqui, investigamos sinais de reativação cenozoica e formação de uma bacia pull-apart ao longo de uma estrutura de ‘rabo de cavalo’ da Zona de Falha Pratinha de direção WNW-ESE, região do Alto Paranaíba - sudeste do Brasil, em um setor associado ao Lineamento Az 125º. A partir do reconhecimento prévio da geometria romboide da Bacia pull-apart de Pratinha e de feições e processos superficiais observados em campo, exploramos técnicas de geomorfologia quantitativa com o auxílio do Modelo Digital de Elevação (MDE) Copernicus 30 m, reprojetado para WGS 1984 UTM Zona 23S via ArcGis, além do auxílio do Matlab. Para investigar sinais de perturbação nos rios, indicativos de reativação de segmentos de falha, empregamos a análise de perfis de rios em espaço chi x elevação de 23 bacias hidrográficas de 3ª ordem ao longo dos segmentos de falha envolvidos no setor da Bacia de Pratinha. Com uma tolerância calculada em 9 m, os knickpoints foram extraídos para todos os canais da área estudada a partir do algoritmo “knickpointfinder” com limiar mínimo de área de drenagem de 1 km2 após processarmos o algoritmo “quantile carving” com tau = 0.5 no TopoToolbox. Os perfis em espaço chi x elevação foram combinados com knickpoints extraídos, utilizando o algoritmo “chitransform” no TopoToolbox, com limiar mínimo de área de drenagem de 1 km2, valor de 0,45 para θ e tolerância de 9 m. Os resultados mostram forte perturbação dos rios à medida em que se aproximam das falhas mestras que delimitam a bacia. Os perfis transformados apresentam diferentes taxas de soerguimento, com maior taxa demarcada pelas falhas mestras subpararelas da bacia, mostrando um incremento maior na porção sul a partir da falha mestra meridional, quando comparado à falha mestra setentrional. Em contrapartida, no interior da Bacia Pratinha, formado por falhas de transferência transversais, observa-se menores taxas de soerguimento, configurando um setor abatido. Os desníveis ao longo da zona de falha principal chegam a 60 m, conforme apontam os perfis. Em campo, os desníveis chegam na ordem de 90 m, demarcado por camadas de perfis de duricrusts ferruginosos. Landslides pretéritos e voçorocas controladas por falhas e fraturas transversais da Bacia Pratinha indicam uma dinâmica de processos superficiais relativamente recente. Tais resultados apontam reativação de segmentos de falha WNW e formação de bacias transtensivas pull-apart ao longo de curvamentos e reforçam a necessidade de estudos mais detalhados em segmentos de falhas associadas ao Lineamento Az 125º.

Palavras Chave

Geomorfologia Tectônica; Tectônica intraplaca; Placa Sul-Americana; Reativação de falhas; Pratinha

Área

TEMA 16 - Geoquantificação e Geotecnologias

Autores/Proponentes

Marcilene Santos, Karina Patrícia Prazeres Marques, Salomão Silva Calegari, Pablo Vidal-Torrado