51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

EVOLUÇÃO TECTÔNICA DE ZONAS DE CISALHAMENTO TRANSCONTINENTAIS, A EXEMPLO DA PORÇÃO CENTRO-NORDESTE DO LINEAMENTO TRANSBRASILIANO: APLICAÇÃO DA MODELAGEM FÍSICA ESTRUTURAL

Texto do resumo

Zonas de cisalhamento (ZCs) e falhas transcorrentes de grandes extensões são estruturas comuns em cinturões orogênicos. Essas exibem uma evolução complexa, acomodando a deformação continental, e normalmente demonstram variação de comprimento, largura, deslocamento total e cinemática. Em função de melhor entender a formação e desenvolvimento de tais ZCs empregamos a modelagem física estrutural no estudo do Lineamento Transbrasiliano (LTB), estrutura NE-SW que seciona quase que integralmente toda Plataforma Sul-Americana. Para a execução dos experimentos utilizou-se o aparato tipo caixa de areia nas dimensões 52 cm (comprimento) x 35 cm (largura) x 25 cm (altura) simulando dois eventos tectônicos: (i) o inicial compressivo, seguido de outro (ii) transcorrente dextral. Na base do aparato empregamos duas folhas de cartolina paralelas em si, descontinuadores de velocidade (DVs), que induziram a deformação cisalhante aos modelos, sobre estes foram adicionados DVs de isopor, simulando blocos continentais rígidos, com as geometrias dos crátons Amazônico e São Francisco, e Bloco Parnaíba. Camadas de areia, quartzosa natural e tingida artificialmente, foram utilizadas representando unidades pré-colisionais, que em conjunto com os DVs retratam uma espessura total aos modelos de 4,5 cm. Adotou-se a orientação NE-SW para o campo de máxima compressão, com velocidade constante de 0,45 cm/min, sendo os modelos submetidos a compressão total de 10,0 cm, seguido de um deslocamento total de 5,0 cm. Empurrões planares a curviplanares, NW-SE, com mergulho (~40º) para NE, e oblíquos (empurrões com componente de rejeito direcional dextral) N-S, NNW-SSE e NE-SW, consistiram nas primeiras estruturas a se desenvolver. Os empurrões oblíquos N-S e NNW-SSE demonstraram mergulho tanto para E/ENE quanto para W/SSW, com intensidade variando de 0º a 40º. Essas estruturas concentram-se na região de colisão entre os DVs que simulam o Cráton Amazônico e o Bloco Parnaíba, delimitando um cinturão orogênico. Com a progressão da deformação, os empurrões ampliaram seus comprimentos e rejeitos (de mergulho e direcional), e conectando-se a esses, novos empurrões oblíquos E-W foram nucleados. No estágio final de compressão, um conjunto de grábens de colapso, NNE-SSW se desenvolveram sobre o cinturão orogênico. Durante os primeiros incrementos de deformação cisalhante nucleou-se zonas transcorrentes dextrais ENE/WSW retilíneas, escalonadas, que coalescem e rotacionam com a evolução da deformação.Tais estruturas truncam os empurrões oblíquos N-S e NNW-SSE, exibindo localmente sitios transtrativos (pull-apart basin). Em estágio de deformação mais evoluído, zonas transcorrentes dextrais NE-SW, predominantemente retilíneas, se desenvolveram. Essas estruturas coalesceram com as ZCs ENE/WSW resultando na geração de um corredor de deformação cisalhante NE-SW. Internamente a esse, zonas transcorrentes dextrais NNE-SSW, e sinistrais ENE-WSW, ocorreram isolando blocos do substrato pré-tectônico. Os dados da modelagem física evidenciam que o LTB se desenvolveu pós-colisão entre as massas continentais que compunham o Supercontinente Gondwana Oeste. Essa estrutura continental compreende a um corredor de deformação cisalhante, composto por um feixe de zonas de cisalhamento dextrais, predominantemente, e de modo subordinado, sinistrais, podendo exibir internamente sitios transtrativos e blocos isolados do substrato cristalino.

Palavras Chave

Modelagem física estrutural; Deformação intracontinental; Lineamento Transbrasiliano.

Área

TEMA 17 - Tectônica e Evolução Geodinâmica

Autores/Proponentes

Ricardo de Souza Rodrigues, Elton Luis Dantas, Fernando César Alves da Silva