51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

ONDE ESTÁ O REGISTRO SEDIMENTAR JURÁSSICO DA BACIA DO PARANÁ? UMA REVISÃO ESTRATIGRÁFICA

Texto do resumo

O registro sedimentar do Período Jurássico na Bacia do Paraná foi por muito tempo subidentificado. Ao mesmo tempo, a Formação Botucatu – que tem idade Jur. Sup-Cret. Inf. atribuída nas cartas estratigráficas – está associada ao Gr. Serra Geral que data de ~132 Ma, Cret. Inf. tardio). Contudo, uma revisão de trabalhos dos últimos quinze anos demonstra que a sedimentação jurássica está registrada em diferentes áreas da Bacia. Existem pelo menos cinco ocorrências de provável idade Jurássica na Bc. do Paraná:
1) Os pelitos da porção superior do afl. São Luís em Faxinal do Soturno (RS), atribuído à Fm. Caturrita (, registra pelitos com níveis fossilíferos (vegetais, asas de insetos, escamas de peixes e conchostráceos), logo acima de um paleosolo. Os conchostráceos foram datados como do Jurássico Inf.-Méd. É possível que essa sucessão seja mais jovem que a Fm. Caturrita (Triáss. Sup.). A presença de fácies incomuns à Fm. Caturrita, além da sobreposição à um paleosolo, sugerem uma unidade jurássica distinta.
2) Formação Pirambóia: Paraná e São Paulo. Esta unidade já teve atribuídas idades triássicas, jurássicas, permianas. Trabalhos mais recentes têm refinado sua idade no Jur. Méd., com conchostráceos e pegadas de tetrápodes. Análises de proveniência detrítica estão em andamento.
3) No Mato Grosso do Sul, pegadas de dinossauros de afinidade juro-cretáceas foram catalogadas em sucessões fluvio-eólicas antes atribuídos a Fm. Aquidauana (Carbonífero-Permiano), com essa descoberta atribuídas à Fm. Botucatu. A Fm. Botucatu se interdigita com derrames do Grupo Serra Geral, sendo um sistema eólico seco, sem ocorrência de discordância interna. As pegadas em rochas de origem fluvial num contexto fluvio-eólico e a posição estratigráfica, sugerem uma unidade jurássica na borda oeste da Bc. do Paraná, possivelmente correlata à Fm. Pirambóia.
4) Fm. Guará/Mb. Batoví: Paraná, Rio Grande do Sul e Uruguai. Representada por um sistema fluvial distributivo de mais de 1000 km de extensão com uma grande variação espacial de assoc. de fácies. Pegadas de diversos grupos de dinossauros em lençóis de areia eólicos e uma grande diversidade de fósseis corpóreos posicionam a Fm Guará no Jurássico Superior tardio.
5) Arenito Pedreira – Krone Mb./Mixed Unit: Brasil e Namíbia. Ocorre como uma sucessão fluvio-eólica com tendência de ressecamento para o topo, identificada em poços estratigráficos e afloramentos no leste do Rio Grande do Sul e em afloramentos no noroeste da Namíbia. Está sotoposta à Fm. Botucatu, separada por uma discordância angular. A restrição da área de ocorrência, a angularidade dos estratos e a posição estratigráfica sugerem uma deposição entre o final do Jurássico e o início do Cretáceo.
A característica fragmentária dos registros jurássicos da Bc. do Paraná demonstra um contexto tectônico distinto daquele registrado pela ampla extensão lateral dos depósitos paleozoicos e cretáceos da Bc. do Paraná. Contudo, a persistência de sistemas deposicionais continentais, especialmente fluviais e eólicos, dificultou a distinção entre essas unidades jurássicas. Novos dados têm surgido, implicando na necessidade de revisão das cartas estratigráficas da Bc. do Paraná.

Palavras Chave

Estratigrafia da Bacia do Paraná; Jurássico; Gondwana; sistemas fluvio-eólicos; revisão estratigráfica

Área

TEMA 21 - Estratigrafia, Sedimentologia e Paleontologia

Autores/Proponentes

Adriano Domingos dos Reis, Claiton Marlon dos Santos Scherer, Gabriel Bertolini, Bruno Ludovico Dihl Horn