51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

PETROGRAFIA E GEOQUÍMICA DAS ROCHAS METAMÁFICAS E MÁFICAS DA REGIÃO DE PONTE DE SANTO ANTÔNIO, JOANÉSIA – MG, BLOCO GUANHÃES – ORÓGENO ARAÇUAÍ

Texto do resumo

O Bloco Guanhães (BG) é um dos blocos de embasamento do Paleocontinente São Francisco Congo remobilizados no interior do Orógeno Araçuaí. Apesar de preservar elementos das principais fases evolutivas da Terra, devido ao escasso acervo de dados disponíveis, a sua diversidade litológica e o seu comportamento ao longo dos eventos tectônicos ainda é pouco compreendido. Considerando a importância do estudo de rochas máficas para as reconstituições paleocontinentais, esse trabalho tem como objetivo realizar a caracterização petrográfica e geoquímica das rochas metamáficas e máficas da região de Ponte de Santo Antônio, distrito de Joanésia – MG, buscando contribuir para o entendimento da evolução tectônica do BG à luz dos conhecimentos atuais. As relações de campo e as características petrográficas e geoquímicas indicam que a ocorrência de, pelo menos, três grupos de rochas, aqui informalmente identificados de E1, E2 e E3. Os grupos E1 e E2 correspondem a rochas máficas metamorfisadas em fácies anfibolito, localmente migmatizadas. O conjunto E1 é composto por anfibolitos que ocorrem intercalados aos gnaisses do Complexo Guanhães, concordantes com o bandamento gnáissico (camadas centimétricas a métricas) ou como boudins nos gnaisses migmatíticos. São rochas granoblásticas de granulação fina a média compostas por hornblenda (70 – 80%), plagioclásio (15 – 25%) e clinopiroxênio (2 – 20%). Como mineralogia secundária ocorrem prehnita e calcita, em vênulas ou substituindo os cristais de plagioclásio, e pontualmente biotita. O conjunto E2 é composto por corpos métricos de anfibolitos intercalados com os gnaisses e os granitos da Suíte Borrachudos. São rochas nematoblásticas de granulação média e mineralogicamente se diferem do conjunto E1, principalmente, pela ausência de clinopiroxênio, e presença significativa de biotita, titanita e minerais opacos. Geoquimicamente o grupo E1 é equivalente a basaltos toleíticos de alto Mg ao passo que o grupo E2 é equivalente a basaltos toleíticos de alto Fe. O conjunto E1 é empobrecido em elementos HFSE enquanto o conjunto E2 é enriquecido, em relação ao padrão MORB, e o grupo E2 é mais enriquecido em REE leves e pesados do que o grupo E1. Já o conjunto E3 compreende diques de diabásio, de direção aproximadamente N-S, que intrudem toda a sequência anterior. São compostos por cristais de plagioclásio, decussados ou geminados em cruz, imersos em matriz de clinopiroxênio e opacos, de granulação fina. São de afinidade toleítica de alto Fe, (La/Yb)N= 8.41, e mostram enriquecimento em elementos LILE e HFSE em relação ao padrão MORB. MG registra pelo menos 07 enxames de diques máficos, com idades do Arqueano ao Cretáceo. Devido a ausência de deformação e metamorfismo, e mineralogia e geoquimíca condizente, o conjunto E3 pode ser correlacionado ao enxame de diques Transminas (130 – 190 Ma). Considerando que o grupo E2 intrude a Suíte Borrachudos (c. 1.7 Ga), o seu evento magmático de origem possivelmente ocorreu entre o Estateriano e Ediacarano (considerando o último evento metamórfico regional). A ausência de uma relação de campo segura do grupo E1 impede estabelecer um limite temporal para a geração dessas rochas, no entanto, por estar relacionado aos gnaisses, que são truncados pela Suíte Borrachudos, é sugestivo que sua origem seja pré-Estateriano. Para avançar nessa discussão, estão sendo realizadas mais análises geoquímicas, visando maior robustez dos dados, acompanhadas de análises geocronológicas.

Palavras Chave

Paleocontinente São Francisco Congo; Bloco Guanhães; Orógeno Araçuaí; diques máficos; Complexo Guanhães.

Área

TEMA 17 - Tectônica e Evolução Geodinâmica

Autores/Proponentes

Geysianne Ferreira Morais, Danilo Barbuena, Matheus Kuchenbecker