51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

MAGMATISMO NEOPROTEROZOICO – EOPALEOZOICO DA PROVÍNCIA MANTIQUEIRA E SUA CORRELAÇÃO COM A CONTRAPARTE AFRICANA

Texto do resumo

Este trabalho apresenta a correlação entre os terrenos onshore da América do Sul e da África, como parte do projeto Geodinâmica do Gondwana SW que investiga o arcabouço estrutural e a natureza petrológica do embasamento do sistema de rifts do Cretáceo do Atlântico Sul (IGEO 22661 - UFRJ – CENPES/PETROBRAS). O grande desafio na correlação dos terrenos cristalinos é o gap no encaixe entre os continentes na reconstrução do Gondwana. Este trabalho propoe mapear os terrenos magmaticos de ambas contrapartes a fim de comparar a natureza do magmatismo, idade, assinatura isotopica e geoquimica, detectando possiveis conexões. Como resultados foram gerados mapas tectonicos e de provincias magmaticas que, reconstruindo a crosta do Gondwana SW, podem ajudar tanto no entendimento da distribuição dos terrenos de embasamento das baciais marginais quanto no estudo dos orógenos do final do Neoproterozoico. A metodologia incluiu uma vasta compilação das rochas magmáticas que incrementou o banco de dados geologicos do CDGG-UFRJ, tratamento dos dados em GIS e reconstrução do Gondwana SW no software G-Plates. A Provincia Mantiqueira, do lado sul-americano, registra orogenias do Toniano ao Cambriano que ocorreram diacronicamente de sul para norte ao longo dos orógenos Dom Feliciano, Ribeira e Araçuaí. Em relação ao magmatismo, no periodo Toniano (1000-720 Ma) são descritas poucas ocorrências entre os orógenos Ribeira e Araçuaí, como o Complexo Serra da Prata, e o Batólito Caxixe, e no Orógeno Dom Feliciano referente aos complexos Cambaí e Imbicuí, e o Terreno Punta del Este no Uruguai. O Criogeniano-Ediacarano (720-590 Ma) é o intervalo de maior atividade magmática, distribuído ao longo de toda a provincia, como o arco Rio Doce no Orógeno Araçuaí, os complexos Rio Negro e Serra da Bolívia, e o magmatismo nos terrenos Paranaguá, São Roque e Apiaí no Orógeno Ribeira, e os batólitos Florianópolis e Pelotas no Orógeno Dom Feliciano. O intervalo Ediacarano (590-530 Ma) é caracterizado pelas suítes Carlos Chagas e Ataléia no orógeno Araçuaí, e o Batólito Serra do Órgãos no Orogeno Ribeira, até unidades pós-orogênicas como a suite Lavras do Sul no Orógeno Dom Feliciano. O magmatismo Cambro-Ordoviciano (530-450 Ma) é caracterizado por plútons arredondados a alongados, alinhados segundo um trend bem definido que vai do extremo norte do Orógeno Araçuaí até a porção central do Orógeno Ribeira com uma continuidade offshore marcada pelo granito Ilha Anchieta. Na África, ao sul do Craton de Angola, predominam as sequencias metassedimentares, e o magmatismo Neoproterozoico-Eopaleozoico é restrito aos orógenos Kaoko e Damara, com dois principais periodos de atividade magmatica. Granitos sin- a pós-orogênicos do Ediacarano ao Cambro-Ordoviciano, como as intrusões Garwab-Goas, e os plutons de Ugab/Goantagab, ocorrem no Orógeno Damara. As unidades magmáticas do Toniano e do Criogeniano-Ediacarano são restritas ao Coastal Terrane, um terreno exótico do Orógeno Kaoko, com plútons alongados e associados a zonas de cisalhamento N-S. A geometria das provincias magmáticas na reconstrução de Gondwana evidencia que a maior parte do magmatismo está no continente sul-americano. A partir da distribuição e caracterização dos diferentes intervalos de magmatismo também foi possível estabelecer uma relação com os diferentes eventos orogênicos responsáveis pela formação de Gondwana Ocidental.

Palavras Chave

Gondwana Ocidental; Mapa Tectônico; Magmatismo Neoproterozoico – Eopaleozoico

Área

TEMA 17 - Tectônica e Evolução Geodinâmica

Autores/Proponentes

Guilherme Gonçalves Martins, Renata da Silva Schmitt, Julio Cezar Mendes, Evânia da Silva Alves