Dados da Submissão

Título

GEOLOGIA E EVENTOS MINERALIZANTES DO DEPÓSITO CUPRO-AURÍFERO SANTA LÚCIA, CANAÃ-DOS-CARAJÁS (PA), PROVÍNCIA MINERAL DE CARAJÁS

Texto do resumo

A Província Mineral de Carajás, localizada na porção sudeste do Cráton Amazônico, representa um dos mais importantes terrenos arqueanos do planeta e é dividida nos Domínio Carajás (norte) e Domínio Rio Marial (sul). Ela hospeda no Brasil a maior concentração de depósitos de cobre e ouro associados a óxidos de ferro. Nesse contexto está o depósito cupro-aurífero Santa Lúcia, localizado cerca de 20 km a nordeste da cidade de Canaã dos Carajás (PA), extremo sudeste da Província Mineral de Carajás. O objetivo geral deste trabalho foi caracterizar petrograficamente os litotipos do depósito de Santa Lúcia, assim como os tipos e estilos de alterações hidrotermais ocorrentes no depósito, além da análise de microscopia de minérios. Estudos petrográficos foram conduzidos de forma criteriosa em seções delgada-polidas das amostras mais representativas de oito testemunhos de sondagem previamente coletadas pelo orientador do trabalho. As análises petrográficas revelatam um sistema magmático-hidrotermal litologicamente diversificado e complexo. O perfil estratigráfico é dominado por granitoides miloníticos com composição variando entre monzogranito à granodioritos, sendo estes intercalados com anfibolitos. Há ainda a ocorrência de corpos pegmatíticos intrusivos que são ricos em turmalina e muscovita, que são usualmente isotrópicos, embora ocorram exemplares com marcante foliação milonítica. O processo de alteração pode ser definido como uma mudança na mineralogia, química ou textura das rochas, com base nisto, no depósito de Santa Lúcia foram identificados ao menos três tipos de alterações hidrotermais, a primeira e mais significativa é a alteração potássica, que ocorre tanto nos granitóides, quanto nos anfibolitos, gerando uma paragênese de k-feldspato + quartzo + albita e ocorrendo tanto no estilo fissural, quanto pervasiva. Os outros dois tipos de alteração identificados foram a propilítica, formando clorita + epidoto + quartzo e ocorrendo no estilo pervasivo seletivo e a alteração carbonática fissural, sendo esta segunda relacionada aos anfibolitos em níveis mais profundos, controlada pela foliação milonítica. Os dados de microscopia de minério mostram a ocorrência de mineralização de sulfeto de cobre (calcopirita), além de pirita, bornita e ouro. Em níveis mais rasos, variando entre 15 a 80 metros de profundidade, a mineralização maciça de sulfeto está presente, atingindo até 30 metros de espessura em alguns furos, que corta o pacote de rocha milonitica. A mineralização ocorre também associada a veios de quartzo por volta dos 85 m e também relacionada aos pegmatitos em profundidades superiores a 300 m, no qual ocorre tanto na forma disseminada, quanto controlada pela foliação. Os dados existentes sugerem que o Santa Lúcia é um sistema hidrotermal reduzido depreciado em Fe, o primeiro do Neoarqueano registrado em Carajás. A recente classificação de sistemas minerais com Cu–Au–Fe (CGI), baseada em configurações tectônicas de orogenias, pósorogenias e de mineralizações em arcos magmáticos inclui os depósitos tipo IOCG na maioria dos cenários, porém também distingue depósitos de sulfeto de Fe–Cu–Au (ISCG).

Palavras Chave

alteração hidrotermal; Petrografia; Neoarqueano; Metalogênese; Amazônia.