51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

GEOLOGIA INDÍGENA CULTURAL: ANÁLISE DA MITOLOGIA, COSMOGONIA E PAISAGEM PELO MÉTODO INDÍGENA E SEU DESUSO NA PROPOSIÇÃO DE GEOPARQUES - ANÁLISE BIBLIOGRÁFICA DO GEOPARQUE CHAPADA DOS GUIMARÃES

Texto do resumo

A proposição dos geoparques introduz uma perspectiva moderna que transcende a visão simplista do mundo, integrando elementos bióticos e abióticos em um ciclo "ecológico" e superando a dualidade entre elementos considerados inertes e de pouca relevância. No entanto, a literatura brasileira ainda carece de um desenvolvimento robusto na integração das percepções coletivas humanas e das complexas relações culturais com as repercussões socioambientais nos modelos de geoparques. Este estudo foca na cosmovisão e na construção da paisagem na Proposta de Geoparque Chapada dos Guimarães, utilizando como base a análise bibliográfica e antropológica, especialmente a contribuição de Lévi-Strauss e tem finalidade na revisão bibliográfica de modo a entender a dimensão do uso dos mecanismos de construção de identidade cultural e social ligados à geologia cultural indígena, proporcionado por meio da análise bibliográfica do material bibliográfico relacionado ao Projeto Geoparque Chapada dos Guimarães. A análise da antropologia estrutural dos mitos e do universo simbólico revela a estreita relação entre os povos caçadores-coletores e a aquisição de tecnologias, que se originam do conhecimento animal e das habilidades dos demiurgos indígenas. Os seres humanos continuam a desenvolver tecnologias através da observação e interação com a natureza, assimilando conceitos naturais e reinterpretando fenômenos naturais simbolicamente na paisagem, como evidenciado nos mitos estudados por Lévi-Strauss. Exemplos incluem a onça como guardiã do fogo e o macaco que, ao roubar essa capacidade da onça, preserva a habilidade de construir objetos, destacando como o conhecimento integrado à natureza impulsiona o desenvolvimento do pensamento científico e influencia mudanças sociais. A conexão entre formações geológicas específicas, como erosões em arenito e escarpas, e práticas religiosas ou encontros com seres sobrenaturais ilustra como fenômenos geomorfológicos moldam sistemas psicológicos e contribuem para a construção de espiritualidade e vida íntima de maneiras inesperadas. A falta de familiaridade dos não indígenas com ambientes naturais e práticas tradicionais justifica a necessidade de geoparques, contrastando com uma lógica de exploração econômica que desvaloriza a paisagem como um patrimônio imaterial humano. A geologia cultural, ao integrar conhecimentos indígenas e pré-históricos, revela uma estruturação acadêmica que, embora se apresente como pós-moderna, ainda reflete uma perspectiva eurocêntrica e colonizadora em grande parte de sua produção bibliográfica. A exclusão sistemática do método científico, da historiografia e da cosmogonia indígena em prol de modelos econômicos e políticos favorece o turismo urbano em detrimento das comunidades locais. A abordagem simplista nas produções textuais do Geoparque Chapada dos Guimarães dos povos originários nas análises perpetua uma visão histórica colonizadora, negligenciando seu desenvolvimento cultural contemporâneo, focando em análises puramente geológicas e de exploração turística. Portanto, propõe-se repensar os geoparques como instrumentos turísticos, políticos e de marketing que promovam a cultura e cosmogonia própria da natureza e povos ligados, ao invés de meramente incentivar o turismo, desafiando a obsolescência do conceito de geologia cultural diante da produção bibliográfica atual do tema.

Palavras Chave

Geoparques; GEOLOGIA CULTURAL; GEOMITOLOGIA; TURISMO.

Área

TEMA 04 - Geodiversidade, Geoturismo e Geoconservação

Autores/Proponentes

Luis Henrique Belo Sousa, Ana Cláudia Dantas Costa