51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

PETROGRAFIA E HISTÓRIA DIAGENÉTICA DE DEPÓSDITOS SILICICLÁSTICOS MESOPROTEROZOICOS DA BACIA DO SÃO FRANCISCO: ENTENDENDO RESERVATÓRIOS NÃO-CONVENCIONAIS PRÉ-CAMBRIANOS

Texto do resumo

A Bacia do São Francisco é uma das maiores bacias intracratônicas brasileiras e abriga um importante registro sedimentar pré-cambriano, que registra sucessivos ciclos bacinais e eventos climáticos mais jovens que 1.8 Ga. Correspondendo a uma de suas principais unidades de preenchimento, a Sequência Paranoá-Espinhaço Superior marca um ciclo rifte-sag mesoproterozoico/neoproterozoico que evoluiu para uma margem passiva a oeste. Este trabalho visa contribuir com o entendimento da evolução diagenética e, consequentemente, a história de soterramento da Sequência Paranoá – Espinhaço Superior através da análise petrográfica e petrofísica de uma seção contínua de 303m integralmente testemunhada por um poço profundo de hidrocarbonetos. A sucessão dominantemente siliciclástica é de natureza fluvio-deltaica a bacinal, dominada por arenitos e pelitos com proporções variadas de filossilicatos. Da base para o topo, os depósitos compõem associações de fácies de planície deltaica, frente deltaica, fluvial entrelaçado, prodelta e planície bacinal. A planície deltaica é formada pela intercalação de finas lâminas arenosas e lamosas, com estruturas sedimentares formadas por correntes unidirecionais em águas rasas e, localmente, feições de exposição subárea. A frente deltaica é dominantemente arenosa e arranjada de acordo ciclos coarsening-upward de espessura cm a dm. Os arenitos contêm estratificação cruzadas do tipo sigmoidal e tabular. Esporadicamente, estas fácies contêm clastos argilosos dispersos, e, provavelmente, foram depositadas por correntes unidirecionais associadas a processos de desaceleração. O depósito fluvial entrelaçado é constituído por sedimentos arenosos e conglomeráticos, com estratificaçoes cruzadas tabulares, acanaladas e de base tangencial, evidenciando uma rede complexa de canais e barras amalgamados. A associação de fácies do prodelta é composta por siltito e heterolitos depositados por correntes de turbidez, em condições subaquosas. Estas unidades passam gradativamente para lamito siliciclástico preto maciço a laminado, depositados em planície bacinal e apresentando camadas ricas em calcita e minerais sulfetados. As sucessões fluviais entrelaçadas, foram intrudidas por sill de rocha básica, que alterou suas características mineralógicas originais ao longo da zona de contato. A petrografia revela uma história eodiagenética marcada por infiltração mecânica de argila, sobrecrescimento de feldspato e quartzo. Na mesodiagênese, a dissolução foi responsável por formação de uma porosidade secundária do tipo intragranular. A intrusão, por sua vez induziu processos de cloritização, que destruíra parte da porosidade pré-existente. Embora as unidades tenham experimentado condições de temperatura e, aparentemente, soterramento severas, porosidades de até 10 % e permeabilidades na ordem de mDs foram preservadas. Este estudo revela uma relação direta entre processos e registros diagenéticos, fácies sedimentares, soterramento e magmatismo em bacia rifte. Pela primeira vez, descrevemos em detalhe o arcabouço petrográfico e história diagenética de reservatórios não-convencionais de hidrocarbonetos pré-cambrianos, descobertos durante a exploração da Bacia do São Francisco e, até então relativamente incompreendidos.

Palavras Chave

Reservatório não-convencional; Proterozoico; diagênese

Área

TEMA 08 - Sistemas petrolíferos, exploração e produção de hidrocarbonetos

Autores/Proponentes

Jessica Melanya Sisti de Paiva, Angélica Fortes Drummond Chicarino Varajão, Humberto Luis Siqueira Reis, Newton Souza Gomes, João Filipe Suss