Dados da Submissão

Título

PETROGRAFIA E DIAGÊNESE DE SILCRETES NA REGIÃO DE CASCALHO RICO, MINAS GERAIS

Texto do resumo

O termo duricrust é utilizado para representar litologias desenvolvidas devido à diagênese continental em depósitos clásticos, zonas freáticas e vadosas (KHALAF, 1988). A terminologia silcrete é utilizada para descrever material que passou por processo diagenético de silicificação em baixa temperatura, gerando cimento composto por polimorfos de sílica. No município de Cascalho Rico, mesorregião do Triângulo Mineiro, arenitos eólicos da Formação Posse ocorrem com alto grau de silicificação e extremamente endurecidos. Este trabalho visa discutir os aspectos texturais, mineralógicos e geoquímicos de silcretes desenvolvidos sobre arenitos. O objetivo principal é a elaboração de um modelo genético evolutivo para o silcrete. A metodologia compreendeu revisão bibliográfica, atividades de campo e petrografia. A etapa de pesquisa bibliográfica consistiu no levantamento da literatura referente aos temas de interesse. A etapa de trabalho de campo abarcou a coleta de dados referentes ao silcrete e às rochas vulcânicas e sedimentares associadas. Na etapa de petrografia, as amostras coletadas em campo foram descritas macro e microscopicamente. Foram identificas quatro litofácies: i) arenito com estratificação cruzada planar (Sp); ii) silcrete (Si); iii) lavas amigdaloidais e com disjunção tabular (La); e iv) lavas maciças (Lm). A fácies Si é uma rocha de estrutura maciça, com intensa silicificação e brilho vítreo, com nódulos esverdeados de formatos circulares, coalescidos, e concentrados em horizontes específicos. O arcabouço é constituído majoritariamente por quartzo e os poros são preenchidos por diferentes fases de sílica secundária (calcedônia fibrosa ou microquartzo). Localmente, ocorre calcedônia com hábito botrioidal (textura coloforme) recobrindo os grãos de quartzo e as franjas de calcedônia. Nessa fácies, estruturas sedimentares não estão preservadas. É bastante comum a presença de nódulos esverdeadas com formatos tipicamente circulares e ocorrem comumente coalescidas. A partir da análise de feições macro- e microscópicas no silcrete, conclui-se que este é do tipo ‘pedogênico’. A história diagenética destes silcretes pode ser exemplificada em: (i) formação do quartzo-arenito, (ii) sequência de derrames vulcânicos, (iii) intemperismo dos derrames e geração de fluidos ricos em Si, Ti, Al, Fe e O, (iv) percolação dos fluidos para o quartzo-arenito causando dissolução dos grãos detríticos, (v) precipitação de anatásio e/ou óxido de alumínio sobre o quartzo, (vi) precipitação da primeira fase de crescimento secundário de calcedônia sobre o quartzo, (vii) precipitação de óxidos-hidróxidos de alumínio, (viii) precipitação da segunda fase de crescimento secundário de calcedônia com hábito botrioidal, (ix) preenchimento parcial da porosidade por óxidos-hidróxidos de ferro, e (x) preenchimento total ou não da porosidade por microquartzo ou calcedônia fibro-radial. A idade máxima para estes silcretes é após a transição entre as eras Mesozoica e Cenozoica, possivelmente durante o Paleógeno, associado aos eventos termais do Paleoceno e Eoceno causados pelo aumento da emissão de gases de efeito estufa e consequente intensificação do intemperismo químico e dissolução de minerais silicáticos.

Palavras Chave

Silicificação; Paleossolo; Paleoclima; Diagênese.