Dados da Submissão

Título

OS PLÚTONS AMAROS E DOIS CÓRREGOS: MAGMATISMO MESOARQUEANO E OROSIRIANO NO BLOCO GUANHÃES, ORÓGENO ARAÇUAÍ

Texto do resumo

O Paleocontinente São Francisco-Congo (PSFC) se formou através da aglutinação de vários blocos arqueanos, em um complexo processo orogênico durante o Sideriano-Orosiriano, referido como Orogênese Minas-Bahia (OMB). Durante a amalgamação de Gondwana, no Neoproterozoico, as margens do PSFC foram retrabalhadas e desmembradas, constituindo então os basement inliers do Orógeno Araçuaí (OA), sendo o Bloco Guanhães (BG) o maior deles. Através do estudo sistemático envolvendo trabalhos de mapeamento geológico, petrogênese e geocronologia, foram identificados e cartografados dois novos plútons no extremo norte do BG, os plutons Amaros (PA) e Dois Córregos (PDC). O PA é composto por meta-biotita sienogranitos com muscovita (2916±09 Ma), cálcio-alcalinos de alto-K, magnesianos e peraluminosos, que foram interpretadas como produto da fusão parcial de uma crosta félsica com assinatura TTG. Já o PDC é composto por biotita sienogranitos com hornblenda (2045±12 Ma), álcali-cálcicos a alcálicos, que variam de magnesianos a ferroanos e peraluminosos a metaluminosos, e foram interpretadas como registro do magmatismo tardi-colisional da OMB. Os basement inliers do OA guardam informações valiosas para a compreensão da OMB, pois representam a ligação entre os domínios de embasamento do Cráton São Franciso (CSF), onde os registros orogênicos são abundantes. Os episódios magmáticos descritos neste trabalho, adicionam elementos interessantes para esta discussão. Alguns modelos indicam que a OMB resultou da convergência de duas massas continentais maiores (paleoplacas Gavião e Congo) com a participação de microcontinentes e arcos de ilha. Neste modelo, o BG faria parte do bloco continental ocidental (Gavião). No entanto, a recente descoberta de rochas Riacianas orogênicas no embasamento do CSF na região de Januária coloca em xeque a existência deste paleocontinente ocidental único, indicando uma sutura que o separaria, pelo menos, em dois blocos: um setentrional, na região do Bloco Gavião, e outro meridional, incluindo os complexos arqueanos do sul do CSF e neste caso, a localização do BG ainda permanece em aberto. Por um lado, o BG mostra continuidade física com os complexos arqueanos do sul do CSF e nenhuma zona de sutura separando esses dois domínios foi idenficada, até o momento. No entanto, o magmatismo mesoarqueano desses complexos é dominado por assinaturas TTGs, ao passo que o PA, no BG, registra magmatismo de alto-K. Por outro lado, magmatismo mesoarqueano similar em composição ao PA foi descrito no basement inlier Porteirinha, localizado a norte do BG, e abre questionamentos sobre uma conexão entre os dois blocos. No entanto, a existência de magmatismo orogênico paleoproterozoico no extremo norte do BG, a exemplo do PDC, pode indicar a existência de uma zona de sutura separando os blocos Guanhães e Porteirinha, advogando contra esta ligação. Outra possibilidade, aventada em alguns trabalhos, é que o BG fosse, à época da OMB, um dos microcontinentes acrescidos às margens dos blocos continentais maiores, como os blocos Serrinha e Jequié, a norte e Piedade, a sul. A ausência de zonas de suturas paleoproterozoicas limitando o entorno do BG pesa contra esta hipótese, no entanto, os problemas de mapeamento geológico, e a extensa cobertura neoproterozoica existente ao redor do BG não permitem descartá-la.

Palavras Chave

Paleocontinente São Francisco Congo; Bloco Guanhães; Orógeno Araçuaí; Mesoarqueano; Orosiriano.