51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

O PAPEL DE GRANDES PROVINCIAS IGNEAS NA DINÂMICA DE RUPTURA LITOSFÉRICA

Texto do resumo

Os riftes continentais resultam de processos de extensão litosférica. Quando as forças motrizes dessa geodinâmica superam a resistência da litosfera, forma-se uma bacia rifte. É amplamente aceito que fraquezas na litosfera, como herança estrutural e input magmático, podem ser fatores-chave na evolução do rifte até a ruptura completa da litosfera. Neste contexto, as grandes províncias ígneas (LIPs) têm estreitas relações com zonas de rifteamento, fornecendo pistas importantes para desvendar tanto os processos bem-sucedidos quanto os mal-sucedidos de rupturas de paleocontinentes. Desde sua amalgamação na transição Riaciano-Orosiriana, o paleocontinente São Francisco – Congo fornece um exemplo notável de litosfera continental que resistiu à ruptura completa por pelo menos seis eventos extensionais antes da abertura do Oceano Atlântico Sul no Cretáceo. Entre esses eventos extensionais, este paleocontinente foi o sítio tectônico de um amplo processo diacrônico de rifteamento no Toniano, cuja característica marcante é o grande volume de magmatismo bimodal do tipo A relacionado a uma LIP. Evidências isotópicas e geoquímicas robustas da evolução tectono-magmática deste rifte apontam que ele se inicia com a colocação de enxames de diques máficos e plutons félsicos em zonas de ombreiras com assinatura crustal, relacionados aos estágios iniciais de descompressão litosférica no início do Toniano, até fontes predominantemente do manto astenosférico para o magmatismo bimodal plutono-vulcânico do Toniano tardio. Esse magmatismo anorogênico extenso e duradouro (c. 965 – 870 Ma), encontrado no Orógeno Araçuaí – Oeste-Congo e no cráton São Francisco – Congo, registra a evolução tectono-magmática deste sistema rifte (rifteamento Macaúbas) em duas fases, impulsionadas pela participação de uma LIP, provavelmente originada de uma pluma mantélica. Embora duradoura, essa pluma mantélica e a LIP atuaram sob um segmento de litosfera continental notavelmente forte. Mesmo com uma configuração favorável pela combinação de herança estrutural e input magmático, esse rifte toniano abortou e não foi capaz de evoluir para a ruptura completa da litosfera, que separasse completamente o paleocontinente São Francisco – Congo em duas massas continentais. Consequentemente, o paleocontinente São Francisco – Congo é um laboratório natural para estudos que visam entender melhor os processos geodinâmicos de riftes mal-sucedidos e as relações causais entre LIPs e tentativas de ruptura da litosfera.

Palavras Chave

Grandes Províncias Ígneas; Ruptura Litosférica; Toniano; Paleocontinente São Francisco - Congo

Área

TEMA 17 - Tectônica e Evolução Geodinâmica

Autores/Proponentes

Maria Eugênia Souza, Paula Mendes Serrano, Cláudia Santos, Mayele Lacerda Oliveira, Dener Lopes Anjos