51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

INCLUSÃO E ADAPTAÇÃO: ESTRATÉGIAS EFETIVAS PARA O TRABALHO DE CAMPO COM ESTUDANTES AUTISTAS

Texto do resumo

As atividades de campo constituem uma parte significativa da carga horária nos currículos dos cursos de Geologia. Consequentemente, é fundamental desenvolver estratégias eficazes de inclusão para estudantes público alvo da educação especial, considerando suas características específicas. No curso de Geologia em foco, há três estudantes com autismo, cada um com características distintas que exigem atenção específica dos docentes ao abordar o conteúdo e outras atividades diárias, especialmente as atividades de campo. Dessa forma, este estudo tem como objetivo analisar criticamente as ações de inclusão e acessibilidade nas atividades de campo, considerando as especificidades dos alunos com autismo. Para tanto, realizamos uma pesquisa qualitativa do tipo pesquisa participante. A análise dos dados baseou-se na observação dos procedimentos de inclusão e acessibilidade durante as atividades de campo da disciplina de Geologia Estrutural, totalizando uma carga horária de 60 horas. Durante as atividades de campo, a disciplina focou na aplicação prática de conceitos teóricos discutidos em sala de aula, como a identificação, descrição e classificação de estruturas geológicas dúcteis e rúpteis, bem como seus mecanismos de formação, tanto em escala regional quanto de afloramento. Observamos que o estudante com autismo acompanhou as atividades de campo de forma eficaz. No entanto, foram necessárias intervenções para integrá-lo plenamente. Especificamente, quando ele passava mais tempo observando uma estrutura ou se concentrava intensamente nos registros de campo, era necessário que o professor e os colegas o chamassem de volta ao grupo para garantir que ele não perdesse informações importantes apresentadas e debatidas. Outra observação importante foi que, devido ao excesso de registros escritos, o estudante não realizava medições e discutia pouco os afloramentos durante o campo, apesar de demonstrar um bom conhecimento teórico da geologia regional e conseguir responder adequadamente quando questionado. Os resultados indicam que o estudante com autismo consegue acompanhar as atividades de campo, mas requer algumas adaptações para uma participação completa. O hiperfoco, uma característica comum em pessoas com autismo, pode ser tanto um desafio quanto uma vantagem. Quando o estudante se concentra intensamente em um aspecto das atividades, pode perder informações importantes discutidas pelo grupo. Nesse contexto, intervenções simples, como chamá-lo de volta ao grupo, mostraram-se eficazes para mantê-lo incluído. Além disso, o excesso de registros escritos pareceu limitar a participação do estudante em outras atividades práticas, como medições e discussões sobre os afloramentos. Isso sugere que estratégias de ensino devem considerar formas alternativas de registro, como fotografias e vídeos, visando otimizar o tempo do estudante. Designar funções específicas que aproveitem o hiperfoco do estudante também se mostrou uma estratégia pragmática, direcionando seu trabalho de forma eficaz e garantindo que ele contribua significativamente para as atividades de campo. Essas adaptações não apenas beneficiam o estudante com autismo, mas também podem enriquecer a experiência de aprendizagem de toda a turma, promovendo um ambiente mais inclusivo. A inclusão de alunos com autismo é uma realidade nos cursos de Geologia de todo o país, portanto experiências como essa servem para pensarmos em estratégias que contribuam para o trabalho com esses estudantes em campo.

Palavras Chave

Atividade prática de campo; Autismo; Estratégias de Inclusão e Acessibilidade. Autismo

Área

TEMA 01 - Geociências para a sociedade e Geoética

Autores/Proponentes

Aline Menezes Bregonci, Salomão Silva Calegari, Caroline Cibele Vieira Soares, Thamíris Santos Tavares, Luana Pedrini Rezende