51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

NANOGRANITOIDES EM ZIRCÃO DE GRANULITO SEM GRANADA: PERSPECTIVAS A PARTIR DA PETROGRAFIA E DAS COMPOSIÇÕES DE ELEMENTOS MAIORES E TRAÇOS

Texto do resumo

A fusão parcial e a evolução e migração do fundido desempenham papéis fundamentais na diferenciação da crosta continental. Esses processos afetam o transporte e a concentração de metais, o ciclo de voláteis, as propriedades mecânicas da crosta, entre outros. O estudo de nanogranitoides, ou seja, inclusões de fundido cristalizadas, surgiu nas últimas décadas como uma abordagem fundamental na investigação da evolução do fundido, já que se considera que essas inclusões retêm informações do fundido primitivo. Embora a maioria das pesquisas tenha sido realizada em nanogranitoides em granada, as inclusões de fusão em zircão são de interesse crescente porque (i) nenhum dos elementos principais formadores de nanogranitoides, exceto SiO2, está presente no hospedeiro, (ii) o zircão é formado por diferentes processos de (re)cristalização e, portanto, poderia registrar diferentes estágios de uma evolução metamórfica e (iii) a possibilidade de obter idades com boa resolução espacial no hospedeiro. Os granulitos sem granada da nappe Guaxupé (Orógeno Brasília Meridional) registram uma história complexa, desde a cristalização do protólito em cerca de 2,55 Ga até o metamorfismo de temperatura ultra-alta (UHT) em cerca de 650-590 Ma. Os cristais de zircão contêm nanogranitoides distribuídos em núcleos e bordas que variam em tamanho de 1 µm a 15 µm. A espectroscopia MicroRaman combinada com análises de microssonda eletrônica revelaram que essas inclusões consistem em combinações variáveis de cristobalita/quartzo, kokchetavita, kumdykolita, "fase 430", carbonato, piroxênio e biotita e/ou mica branca. Os nanogranitoides re-homogeneizados através de petrologia experimental têm uma composição principalmente granítica metaluminosa a peraluminosa. Esses resultados foram comparados com a composição de leucossoma de granulito estromático obtidas a partir de mapas quantitativos e de análises litoquímicas de leucossomas segregados em afloramento. Os dados de elementos-traço (TE) mostram um enriquecimento de Rb, Cs, Ba e LREE nos nanogranitoides em relação aos leucossomas. A menor concentração de CaO, MgO, P2O5 e TiO2 e a assinatura de TE sugerem que as inclusões de nanogranitoides representam fundidos formados em temperaturas mais baixas do que aquelas formadas durante as condições UHT registradas nos leucossomas. Assim, os nanogranitoides podem ter sido aprisionados no zircão durante o metamorfismo progressivo. Essa hipótese é consistente com as imagens de catodoluminescência e os dados de datação U-Pb (LA-ICP-MS), que mostram que os nanogranitoides estão hospedados em domínios de zircão que registram idades discordantes a partir de idades arqueanas, em vez de estarem hospedados nos domínios formados durante o metamorfismo UHT no Neoproterozoico. A composição homogênea das inclusões e sua localização em núcleos e bordas desfavorecem a interpretação de que os nanogranitoides registram a cristalização ígnea.

Palavras Chave

Petrocronologia; Petrologia Experimental; Fusão Parcial; Melt inclusion

Área

TEMA 20 - Mineralogia e Petrologia Metamórfica

Autores/Proponentes

Mahyra Tedeschi, Silvio Ferrero, Bernd Wunder, Joerg Hermann, Alessia Borghini, Thomas Pettke, Pierre Lanari, Paulo Paiva-Silva, Daniela Rubatto, Valby Van Schijndel, Peter Tollan, Patrick O’Brien