51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

POTENCIAL DOS BASALTOS DO TRI NGULO MINEIRO PARA USO NA AGRICULTURA

Texto do resumo

O uso de insumos minerais como adubos e corretivos de solo constituem a segunda maior despesa para agricultores no Estado de Minas Gerais, atrás apenas dos gastos com sal, ração e outros complementos animais. Em condições climáticas tropicais, os fertilizantes solúveis mostram em geral baixa eficiência no aproveitamento dos nutrientes e podem acarretar problemas ambientais como a eutrofização de corpos d’água. Além disso, constituem um recurso natural não-renovável de elevada dependência do mercado externo. Como alternativa a tais insumos, o uso de pó de rochas silicáticas tem sido proposto como opção no manejo de solos tropicais para condicionamento do solo, estímulo à atividade biológica e às raízes e aumento da eficiência nutricional e da capacidade de troca catiônica. Dessa forma, torna-se crítico o levantamento de unidades geológicas de interesse agronômico que possam subsidiar a identificação de fontes alternativas aos fertilizantes solúveis. A mesorregião do Triângulo Mineiro respondeu por 56% da produção agrícola e 23% da área colhida no Estado de Minas Gerais em 2023. Com intuito de identificar e caracterizar unidades de interesse agronômico, o Serviço Geológico do Brasil, através da Superintendência Regional de Belo Horizonte, desenvolve o Projeto Avaliação do Potencial Agromineral do Brasil - Triângulo Mineiro e Adjacências. Os principais objetivos desse trabalho são: (i) caracterização litoestrutural, mineralógica e litoquímica de unidades de interesse econômico, (ii) inventariar as principais pedreiras presentes nessas unidades e (iii) estimar as características químicas, físicas e de produção dos resíduos gerados na cadeia de produção mineral. O acervo de dados da área foi complementado com a execução de perfis geológicos e de visitas às pedreiras, com realização de entrevistas e coleta de informações técnicas-econômicas da cadeia produtiva. Além disso, foram realizadas análises petrográficas, litogeoquímicas e granulométricas de amostras representativas do pó de brita e da frente de lavra.
Nessa área, uma das unidades com potencial agronômico reconhecido são os basaltos do Grupo Serra Geral, em função de suas características mineralógicas, texturais e químicas, além de sua ampla distribuição regional. Constituem rochas afaníticas a microporfiríticas compondo derrames com espessuras entre 30 e 60 metros. São classificados quimicamente como basaltos e basaltos andesíticos de natureza toleítica. Apresentam teores médios de 14,6% (± 0,77%) de soma de base (CaO, MgO e K2O), 1,2% (± 0,33%) de K2O e teores de elementos potencialmente tóxicos abaixo dos limites estabelecidos pela legislação. Tais valores reforçam o interesse agronômico nessa unidade. O pó de brita constitui um subproduto da produção de brita e sua comercialização é sazonal para grande parte da indústria, atrelado a demanda de obras de pavimentação. Em média constitui 25 a 30% da produção bruta das mineradoras. Análises granulométricas indicaram diâmetro efetivo de 60% médio de 1,37 mm (± 0,49) do passante, em sua maior parte composto por um material bem graduado. A média de produção bruta de basalto nos últimos 3 anos foi de 2 milhões de toneladas, segundo dados da Agência Nacional de Mineração. Isso permite estimar uma produção de finos de brita na faixa de 500.000 t/ano, que caso convertida às práticas agrícolas seria suficiente para recondicionar entre 100 e 150 mil hectares.

Palavras Chave

Rochagem; agromineral silicático; Agrogeologia; produção mineral; pó de brita;

Área

TEMA 14 - Agrominerais, Rochagem, Rochas Ornamentais e Gemologia

Autores/Proponentes

Marcelo Souza Marinho, Alessandra Elisa Blaskowski , Ronaldo Souto Gonçalves, Álvaro Cesar Elias Mendes