51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

FÁBRICA DIAGENÉTICA DE CARBONATOS ASSOCIADOS A FOSFORITOS DA REGIÃO DE FORTALEZA DE MINAS, SUDOESTE DE MINAS GERAIS

Texto do resumo

Carbonatos correlacionáveis ao Grupo Bambuí (Ediacarano-Cambriano), depositados a sul da Faixa Brasília, são associados a importantes reservas de fosfato, incluindo a mina Morro Verde em Pratápolis-MG (50x106 ton. Média 10wt.% P2O5). Esses depósitos ocorrem encaixados no embasamento Arqueano-Paleoproterozoico, ao longo de zonas de cisalhamento NW-SE/E-W. Estudos têm indicado influência hidrotermal nos fosforitos, incluindo silicificação controlada por falha, porém tais processos ainda não foram investigados nos carbonatos. Nesse sentido, a fábrica diagenética de carbonatos serve como arquivo do fluxo de fluidos em uma bacia, a partir do qual pode-se inferir seu histórico de soterramento e evolução tectônica. Nesse trabalho, caracterizou-se faciológica e microfaciologicamente a sucessão carbonática-fosforítica da região de Fortaleza de Minas-MG (~5km a SE da mina Morro Verde). O carbonato sobrepõe diretamente o embasamento tipo greenstone-belt, com desenvolvimento de fosfoarenitos e brechas fosfáticas no contato verticalizado (NW-SE), caracterizando 6 litofácies: Clorita-Xisto milonítico (embasamento); Brecha xisto/carbonato (Bxc); Brecha fosfática; Fosfoarenito; Carbonato laminado cinza claro/escuro (Cl); e Carbonato maciço cinza escuro (Cm). Veios de calcita e quartzo são centimétricos em Bxc e Cl, e milimétricos em Cm. As litofacies Cl e Cm foram caracterizadas sob microscópio ótico com uso de uma solução de Vermelho de Alizarina S e Ferrocianeto de potássio para distinção da composição carbonática. 5 microfácies foram definidas: Mc) Matriz calcítica microcristalina a recristalizada; Do) Dolomita anédrica; DO) Dolomita euédrica a curvada (saddle, até 2mm); CF) Calcita ferrosa blocky; e SI) Silica policristalina a pseudomórfica. Mc, rica em inclusões e com “fantasmas” de uma textura grumosa a laminada, é interpretada como carbonato lamoso (micrita) recristalizado em diagênese rasa (<0.7 km). Carbonatos lamosos têm ~90% de sua fábrica diagenética estabilizada ainda na diagênese rasa devido elevada perda de porosidade durante a compactação mecânica. Porções de Mc completamente dolomitizadas (Do) estão associadas a estilólitos desenvolvidos durante compactação química em diagênese intermediária (~0.7-2km, <100°). Precipitação de DO ao longo de níveis de dissolução (solution seams) indica que os carbonatos atingiram a diagênese profunda (>2km 100< T°<250), mas não passaram ao domínio metamórfico (12-15km, T°>250). Tanto CF quanto SI dissolvem e substituem principalmente DO e infiltram Do e Mc, porém SI é mais pervasiva. O fluxo de fluidos hidrotermais ricos em sílica ao longo de falhas tem sido reconhecido como um importante processo de geração de porosidade em carbonatos, com formação de calcitas secundárias (dissolução-reprecipitação), sílica e fosforitos. A fábrica diagenética dos carbonatos Fortaleza de Minas pode ser interpretada em duas fases: 1- Subsidência epicontinental Neoproterozóica-Cambriana (Mc, Do e DO); 2 - Tectôno-hidrotermal, associada a reativação de estruturas do embasamento durante o Fanerozoico (CF e SI). Futuras investigações geoquímicas e geocronológicas devem testar as hipóteses apresentadas e definir mais precisamente a estratigrafia e metalogênese da sucessão. Este trabalho é apoiado pelo Instituto Serrapilheira (Serra-1912-31510) e CNPq (Processos 408815/2021–3 e 383375/2023-1) e desenvolvido dentro de uma parceria SGB-UFMG-UFRJ-UERJ com colaboração da mineração Morro Verde.

Palavras Chave

Fábrica diagenética; Carbonatos; Fosforitos; Fluxo de fluidos; Tectônica de bacia.

Área

TEMA 17 - Tectônica e Evolução Geodinâmica

Autores/Proponentes

Davi Ferreira de Carvalho, Winicius Jesus Silva, Suzana França Quaresma, Márcio Antônio Silva, Paulo Henrique Amorim Dias, Fabricio Andrade Caxito