51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

MINERALOGIA FORENSE DE TURMALINAS PARAÍBA BRASILEIRAS

Texto do resumo

As turmalinas representam uma família de minerais com fórmula estrutural XY3Z6(T6O18)(BO3)3V3W. A sua formação advém de fluidos hidrotermais nos momentos finais de cristalização de corpos graníticos. Por vezes, tais condições permitem a formação de cristais de caráter gemológico, como é o caso das turmalinas do tipo “Paraíba”, oficialmente classificadas como elbaítas cupríferas. Essa variedade mineral foi descoberta na década de 1980 em São João da Batalha (PB) e posteriormente no Rio Grande do Norte, associados a uma extensa Faixa Mineralizada entre as Formações Seridó e Equador. Tendo em vista o alto valor econômico associado às gemas, são frequentes as tentativas de fraude no comércio nacional e internacional. Todavia, não existem ainda trabalhos de caracterização deste mineral que sirvam como arcabouço para o discernimento entre turmalinas Paraíba e não-Paraíba. No Brasil, há duas minas em operação, onde apenas uma apresenta licença vigente. Turmalinas da segunda lavra são comumente trazidas à primeira para serem “esquentadas” e falsificarem seu valor. As amostras apresentam morfologia zonada, do tipo “melancia”, com colorações variadas entre azul, rosado e verde, em função da presença de Cu, Fe e Mn na estrutura cristalina A metodologia adotada baseou-se na utilização de EMPA, juntamente com utilização de espectrômetro micro-XRF M4 TORNADOAMICS para confecção dos mapas elementares. Ademais, lançou-se mão de análise de elementos traço por meio de LA-Q-ICP-MS, modelo iCapQ - Thermo. Por fim, realizou-se a confecção de 6 lâminas bipolidas, seguida de petrografia em microscópio de luz transmitida. De modo preliminar, foi possível constatar a predominância de inclusões fluidas aquosas, primárias, mono ou bifásicas. Posteriormente, o cálculo das fórmulas estruturais mostra fórmula estrutural média de Ca0,040Ba0,001Na0,648K0,004□0,308(Al1,371Ti0,006Mg0,033Mn0,349Cu0,144Zn0,033Li1,062)Al6(Si5,928Al0,092O18)(BO3)3OH3(OH0,445F0,603) com a predominância de vacâncias e Na no sítio X, associada à concentração marcante de Ca. Já no sítio Y, observa-se a predominância de Al e Li, associado a presença dos elementos cromóforos Cu, Fe e Mn. A presença de Al[IV] no sítio T é restrita, indicando pouca acomodação de deformação no retículo cristalino. Além disso, os mapas elementares, juntamente com o tratamento de dados WDS, revelam um comportamento antagônico na distribuição dos elementos cromóforos ao longo do retículo. Dessa maneira, observa-se que Cu tende a se concentrar no núcleo dos cristais, ao passo que Fe e Mn se concentram nas bordas. As concentrações desses elementos refletem no aspecto macroscópico das turmalinas, na forma de morfologia “melancia”. Ademais, a aquisição de espectros EDS associados ao imageamento em MEV, revelam a presença de inclusões minerais, na forma de cassiterita e feldspato potássico.

Palavras Chave

Turmalina Paraíba; Geologia Forense; Química Mineral; Inclusões Fluidas.

Área

TEMA 07 - Geoquímica Médica e Forense

Autores/Proponentes

Gustavo Moreira Bianchi, Rita Arebalo Campos, Maria Emília Schutesky, Nelson Fava, Valentina Bocanegra Oliveira