51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

Modelagem petrogenética de magmas mantélicos pós-colisionais afetados por fusão crustal no Batólito Pelotas, Região de Quitéria, Rio Grande do Sul.

Texto do resumo

As principais discussões sobre o ambiente tectônico pós-colisional no sul do Brasil concentram-se nas características estruturais, petrográficas e geoquímicas. No entanto, os processos magmáticos que produzem rochas ígneas, desde a cristalização fracionada de magmas derivados do manto até a fusão predominantemente crustal, ou a hibridização de magmas de ambas as fontes, ainda são pouco compreendidos. Os Granitoides Arroio Divisa (GAD), localizados na região de Quitéria, são representativos de um magmatismo no Batólito de Pelotas parcialmente associado a fontes mantélicas. Com base em dados de 30 análises geoquímicas de rocha total realizadas pelos métodos FUS-ICP-ES e FUS-ICP-MS disponíveis na literatura, foram avaliados parâmetros de balanço de massa, cristalização fracionada (FC), assimilação e cristalização fracionada combinadas (AFC), cristalização fracionada e assimilação desacopladas (FCA), recarga magmática (RFC), mistura de magmas (mixing) e modelagem termodinâmica. Os modelos geoquímicos indicam que a fusão parcial de um manto litosférico pode produzir magmas toleíticos de alta temperatura, enriquecidos em Fe, Mg, Ca, Cr e ETRP, baixas razões de Th/Yb e Ta/Yb, e diversas assinaturas de elementos-traço próximas aos valores do manto. A assimilação crustal é um cenário plausível de acordo com os modelos de AFC, com razões isotópicas de Sr-Nd indicando uma contribuição da crosta continental, e valores de LILE mais altos do que os encontrados em MORBs. As diferenças composicionais observadas em termos híbridos refletem processos de mistura entre magmas mantélicos e crustais, exemplificados pela recarga magmática (RFC), que teria enriquecido os magmas em MRFE, LILE e LREE através da crosta, levando à geração de composições híbridas. Modelagens termodinâmicas revelam que os valores que melhor se ajustam às tendências composicionais dos magmas parentais sob condições ideais de equilíbrio são obtidos a temperaturas em torno de 1200°C e pressões de 3 kbar. A configuração transcrustal de zonas de cisalhamento teria fornecido as condições ideais para a ascensão, intrusão e interação de magmas com as rochas encaixantes, influenciando a distribuição espacial e a complexidade das composições geoquímicas resultantes. Assumindo uma densidade crustal de 2,7 g/cm³, a profundidade de intrusão do plúton do GAD seria de aproximadamente 10 km. A intrusão teria aquecido a rocha encaixante ao ponto de exceder a temperatura solidus (850 – 950°C) e gerar um líquido assimilante enriquecido em elementos de baixo ponto de fusão. Os modelos petrogenéticos sugerem que um reservatório de magma máfico estava situado em profundidade, fornecendo pulsos de magmas que evoluíram para composições intermediárias a félsicas em níveis crustais rasos. Além disso, a interação entre magmas mantélicos e fusões crustais facilitou a formação de zonas de mistura em profundidade. Os processos de diferenciação desses magmas teriam ocorrido em profundidades menores, onde múltiplos estágios de cristalização fracionada resultaram na formação de rochas granodioríticas a graníticas. Os resultados obtidos são consistentes com observações de campo, especialmente de enclaves máficos, diques máficos sin-plutônicos, xenólitos de rochas encaixantes, injeções félsicas e produtos de hibridização. Essas evidências foram identificadas por diversos autores ao longo das últimas décadas.

Palavras Chave

Modelagem geoquímica; Magmatismo Pós- Colisional; Escudo Sul-rio-grandense

Área

TEMA 19 - Magmatismo e Processos Petrogenéticos

Autores/Proponentes

Paulo Eduardo Garcia, Vinicius Matté, Anderson Costa dos Santos