Dados da Submissão

Título

ILYOCYPRIS RIOGRANDENSIS MUSSACHIO & SIMEONI, 1991: IMPLICAÇÕES DA OCORRÊNCIA DE FÓSSIL-GUIA DO CRETÁCEO SUPERIOR NA BACIA DO SÃO FRANCISCO, ESTADO DE MINAS GERAIS, BRASIL

Texto do resumo

Afloramentos do Cretáceo na região do Distrito de São Geraldo, Município de Coração de Jesus, Norte do Estado de Minas Gerais, Brasil, emerge como um notável reservatório de informações paleontológicas que tem despertado o interesse científico, especialmente no que concerne à sua fauna de ostracodes. O presente estudo foca na análise da taxonomia e paleoecologia de Ilyocypris riograndensis Mussachio & Simeoni, 1991, bem como na discussão do significado cronoestratigráfico e litoestratigráfico destas ocorrências. Compreender a diversidade taxonômica dos ostracodes nesta região é fundamental não apenas para a reconstrução da história biológica local, mas também para contribuir para o entendimento mais amplo da evolução dos organismos aquáticos em contextos paleogeográficos. Os afloramentos estudados são constituídos por intercalações de rochas sedimentares de granulometria fina (siltito, arenito), com coloração esbranquiçada e avermelhada, como é típico da região. A metodologia de preparação micropaleontológica para concentração de ostracodes segue aquela para fósseis mineralizados: fragmentação mecânica, ataque com peróxido de hidrogênio, lavagem sob bateria de peneiras, triagem e taxonomia. Há publicações recentes que atribuem os afloramentos desta região ao Grupo Areado, Cretáceo Inferior. No entanto, outrora estes afloramentos eram atribuídos ao Grupo Urucuia, Cretáceo Superior. Ilyocypris riograndensis é uma espécie límnica de microcrustáceo dotado de carapaça bivalvada da Classe Ostracoda que foi descrita originalmente com ocorrências nos membros Plottier, Baja de la Carpa e Anacleto, atualmente elevadas a formações. Posteriormente, foram registradas ocorrências para a Formação Allen (Argentina), formações Araçatuba e Adamantina, Grupo Bauru (Brasil). Com base nessas ocorrências pode-se sugerir que os afloramentos no Distrito de São Geraldo são pelo menos Santoniano superior-Maastrichtiano e crono-correlatos a estratos das bacias de Neuquén, Argentina, e do Grupo Bauru, bacia do Paraná, no Brasil. Adicionalmente, pode-se inferir o paleoambiente como sendo lacustre oligotrófico com pH acima de 7, características relacionadas a paleoclima semiárido. Por fim, pode-se considerar que a presente interpretação corrobora a hipótese anterior que considerava a ocorrência de rochas do Grupo Urucuia nessa região da bacia do São Francisco. Alternativamente, pode-se aventar a possibilidade de ser uma nova unidade litoestratigráfica do Cretáceo Superior na bacia do São Francisco.

Palavras Chave

Ostracoda; Ilyocypris riograndensis; Bacia Sanfranciscana; Cretáceo Superior; Grupo Urucuia