51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

PALEOMAGNETISMO E GEOCRONOLOGIA DAS ROCHAS VULCÂNICAS DO GRÃO-PARÁ, PROVÍNCIA MINERAL DE CARAJÁS: IMPLICAÇÕES PARA A TECTÕNICA ATUANTE NO NEOARQUEANO

Texto do resumo

O início da tectônica de placas, envolvendo processos de subducção, rifteamento e formação de montanhas, é um evento chave que desencadeia, por exemplo, o surgimento de grandes massas continentais e uma atmosfera rica em oxigênio, preparando o cenário para a origem da vida complexa no nosso planeta. Entretanto, quando e como o regime de tectônica de placas começou permanece um mistério, enterrado sob bilhões de anos (Ga) de tempo geológico. O registro paleomagnético tem servido como um importante indicador dos processos que ocorreram no interior da Terra e torna-se uma ferramenta essencial para determinar a velocidade das placas tectônicas em tempos geológicos antigos. Ao quantificar tais velocidades, é possível obter informações valiosas sobre a existência ou não de um regime tectônico semelhante ao atual durante os estágios iniciais da evolução da Terra. Nesse contexto, o presente trabalho apresenta os primeiros dados paleomagnéticos, em conjunto com idades de alta precisão obtidas por ID-TIMS, de um bloco Arqueano no Cráton Amazônico, conhecido como Província Mineral de Carajás. Esses dados correspondem ao intervalo de ~2,76–2,74 Ga, durante o qual um extenso vulcanismo predominantemente máfico cobriu uma área de aproximadamente 18.000 km². Mais especificamente, as análises paleomagnéticas foram conduzidas em cilindros orientados perfurados na mina N4, os quais interceptam os derrames de lava basáltica do Grupo Grão-Pará, localizados na Serra Norte de Carajás. A realização de processos de desmagnetização por etapas sucessivas, em campos magnéticos alternados e térmicos, revelou duas componentes de magnetização remanente característica para as unidades estudadas: (1) os derrames de lava da Formação Parauapebas apresentaram direções sudeste com baixa inclinação, os quais resultaram em uma direção média entorno de Dm = 135,0º, Inc = 11,1º (N = 105, α95 = 3,9º, k = 13,5), correspondendo ao polo paleomagnético em 61,8ºE, -31,7ºS (A95 = 3.9º, K = 13,53) com paleolatitude λp = 5,6 ± 3,9º; (2) as rochas da Formação Igarapé Cigarra apresentaram direções mais a oeste com inclinação baixa a média, agrupando-se entorno de Dm = 267,6º, Inc = 28,2º (N = 79, α95 = 4,5º, k = 13,26) com o polo paleomagnético localizado em 91,9ºE, -13,0ºS (A95 = 4,5º, K = 13,3) e paleolatitude λp = 15,0 ± 4,5º. O teste de contato cozido realizado para um dos sítios amostrados, em conjunto com evidências observadas na microscopia magnética e geocronologia, atesta o caráter primário das magnetizações remanentes isoladas. Assim, os resultados paleomagnéticos obtidos, integrados com evidências geológicas, revelam que o bloco Carajás ocupava baixas latitudes durante o Neoarqueano e poderia ter feito parte da configuração do supercráton Superia, no qual o Cráton Superior seria o fragmento central e maior. Além disso, a reconstrução paleogeográfica observada demonstrou uma mudança significativa da paleolatitude (média de 9,4°) entre o intervalo de tempo de extrusão das lavas basálticas das formações Parauapebas e Igarapé Cigarra. Esta variação indica que, por volta de ~2,75 Ga, a geodinâmica atuante impulsionava movimentos de placas litosféricas relativamente rápidos (≥0,52°/Ma ou ≥5,8 cm/ano) que perduraram por dezenas de milhões de anos. Tais deslocamentos de placas apoiam a ideia de que a tectônica de placas semelhante à moderna (“mobile-lid”) já estava ativa pelo menos durante o final do Arqueano.

Palavras Chave

Paleomagnetismo; ID-TIMS; Província Carajás; Geodinâmica Arqueana

Área

TEMA 17 - Tectônica e Evolução Geodinâmica

Autores/Proponentes

Pedro Luiz Gomes Martins, Catarina Laboure Bemfica Toledo , Adalene Moreira Silva , Farid Chemale Jr., Samuel de Melo Machado , Ricardo Ivan Ferreira da Trindade