Dados da Submissão

Título

GRAVIMETRIA TERRESTRE COMO UMA FERRAMENTA ÚTIL NA MODELAGEM 3D EM ESTUDOS DE GEOLOGIA REGIONAL – ESTUDO DE CASO DO QUADRILÁTERO FERRÍFERO (MG)

Texto do resumo

A gravimetria é um método geofísico que mede o campo gravimétrico da Terra e é usada na detecção das variações laterais do campo ocasionadas pela variação de densidade no subsolo. A gravimetria, na forma da anomalia Bouguer, possui ampla aplicabilidade em ambientes geológicos com contrastes de densidade significativos. Destaca-se os terrenos do tipo granito-greenstone, devido ao elevado contraste da anomalia Bouguer entre o embasamento granito-gnáissico e as sequências vulcanossedimentares, que frequentemente contêm camadas densas de rochas ultrabásicas, básicas e formações ferríferas. O projeto “Estratigrafia, Arquitetura Crustal e Recursos Minerais do Quadrilátero Ferrífero”, desenvolvido nessa importante província mineral brasileira, conduziu diversas campanhas de aquisição de dados gravimétricos terrestres nessa região, entre os anos 2015 e 2022. O objetivo foi realizar perfis gravimétricos em regiões de interesse e adensar a malha, visando complementar as estações do Banco Nacional de Dados Gravimétricos (BNDG-ANP) e gerar um mapa de anomalia Bouguer mais detalhado para a região. Como a modelagem gravimétrica é um método indireto e ambíguo, onde múltiplas soluções são possíveis, é essencial integrar o maior número possível de informações independentes, como contatos geológicos, dados estruturais, furos de sondagem e outros métodos geofísicos como magnetometria e sísmica. Os dados disponíveis para a região do Quadrilátero Ferrífero (QF) foram utilizados na modelagem 2D, estimando a estrutura e profundidade das unidades geológicas e suas relações com o embasamento granito-gnáissico. Posteriormente, esses dados foram integrados em modelos geológicos 3D, fornecendo informações valiosas sobre a utilização da gravimetria em estudos de geologia regional. Os resultados obtidos até o momento indicam que a gravimetria é muito útil na compreensão do arranjo das unidades geológicas em subsuperfície, desde que aplicada de forma criteriosa e com pleno entendimento de suas limitações. Uma abordagem simplificada da geologia, separando domínios com contrastes de densidade, reduz as incertezas na modelagem. No noroeste do QF, há um contraste significativo entre o greenstone belt Pitangui, intrusões graníticas e embasamento gnáissico, possibilitando o modelamento da calha do greenstone belt, a estimativa de sua espessura e a inferência de sua continuidade sob coberturas sedimentares mais jovens. Na porção central do QF a modelagem é mais desafiadora, por envolver mais de um domínio com presença de rochas densas, como o greenstone belt Rio das Velhas, o Supergrupo Minas e corpos intrusivos básicos-ultrabásicos, o que aumenta as possibilidades de soluções coerentes. Por exemplo, uma anomalia Bouguer positiva na região de Itabirito pode ser explicada por uma espessa formação ferrífera da Formação Cauê ou por um corpo intrusivo básico-ultrabásico não aflorante. Por isso, além de um bom conhecimento geológico da região, dados adicionais, como furos de sondagem ou sísmica são importantes na determinação do modelo mais provável. Nesse sentido, a colaboração com mineradoras e universidades é fundamental para incorporar dados adicionais e aprimorar continuamente o modelo geológico 3D da região. Ademais, apesar da complexidade geológica do QF, a modelagem mostrou-se bastante eficaz na avaliação de diferentes interpretações disponíveis na literatura para o arcabouço estrutural e a evolução tectônica da região.

Palavras Chave

Quadrilátero Ferrífero; Gravimetria Terrestre; modelagem 3D; Greenstone belt Rio das Velhas; Anomalia Bouguer