Dados da Submissão

Título

PETROGRAFIA E GEOQUÍMICA INORGÂNICA DE INTERVALO DA FORMAÇÃO ROMUALDO, BACIA SEDIMENTAR DO ARARIPE: IMPLICAÇÕES PALEOAMBIENTAIS

Texto do resumo

A Bacia Sedimentar do Araripe (BSA) é a maior bacia interior do nordeste brasileiro, com sua área recobrindo parte dos estados do Ceará, Pernambuco e Piauí. Sua gênese está associada à separação do supercontinente Gondwana, e consequentemente à abertura do Oceano Atlântico. Ao longo de sua evolução tectonossedimentar (durante o Cretáceo) as condições ambientais possibilitaram a deposição da Formação Romualdo, que é caracterizada pela intercalação de rochas siliciclásticas (e.g. arenitos e siltitos) e margas. A formação, através de datações, está inserida no intervalo Aptiano-Albiano, e é associada à fase marinha da bacia. Este trabalho está localizado na borda sudoeste da BSA, e tem por objetivo a caracterização petrográfica e geoquímica de um intervalo da Formação Romualdo, assim como a aplicação de parâmetros geoquímicos inorgânicos para a interpretação paleoambiental dos litotipos presentes. As amostras foram coletadas em uma cava abandonada da Mineração Sombra da Serra, e estão estratigraficamente posicionadas. A amostragem foi realizada verticalmente a cada 20 centímetros, em um intervalo com 3,60 metros. No Laboratório de Geoquímica Aplicada ao Petróleo e Energia (LGAPE/i-LITPEG/UFPE), as 18 amostras foram descritas, macro- e microscopicamente, e catalogadas. Dentre estas, 6 amostras representativas foram enviadas para laminação. Para realização das análises geoquímicas por Fluorescência de Raios-X portátil (FRXp), as 18 amostras foram rinsadas com água purificada, secas e pulverizadas (<0,0062 mm) com o auxílio de cadinho e pistilo de ágata. Após esse tratamento as mesmas foram acondicionadas em recipientes de plástico. O intervalo amostrado apresenta uma intercalação entre arenitos finos, siltitos avermelhados e siltitos cinza-esverdeados, mal selecionados e mineralogicamente imaturos, ocorrendo a associação de quartzo + plagioclásio + microclina ± muscovita ± zircão + bioclastos (ostracodes), envoltos em matriz argilosa e cimentação por carbonato + óxido/hidróxido de ferro. Em geral, os grãos são angulosos a subangulosos, subesféricos a oblatos, e seu conteúdo fossilífero apresenta valvas compostas por calcita recristalizada e preenchido por argilominerais e calcita. As análises geoquímicas forneceram as seguintes concentrações para elementos maiores e menores, em óxido: SiO2 (24,40 – 51,78%), TiO2 (0,22 – 0,60%), Al2O3 (2,63 – 10,11%), Fe2O3 (2,89 – 11,40%), MnO (0,03 – 0,54%), MgO (0,56 – 1,85%), CaO (0,95 – 23,83%), K2O (1,31 – 2,79%) e P2O5 (0,08 – 0,20%). E elementos traços: S (140 – 1840 ppm), V (50 – 190 ppm), Cu (50 – 90 ppm), Zn (20 – 100 ppm), Rb (30 – 70 ppm), Sr (40 – 70 ppm) e Zr (70 – 310 ppm). Os argilominerais foram classificados com aplicação da razão K2O/Al2O3 (0,21 – 0,39), sugerindo a presença de ilita. Além disso, também foram aplicados parâmetros paleoambientais, a saber: influxo terrígeno (Ti/Al = 0,04 – 0,07), condições de oxidação-redução (V/Cr = 0,73 – 1,25), paleoclima (Rb/Sr = 0,43 – 1,50), e paleossalinidade (Ca/Ca+Fe = 0,05 – 0,46). A partir dos dados obtidos, sugere-se que as litologias foram depositadas em um ambiente proximal e com sedimentação estável, subaquoso e oxidante, em clima árido e com variações de salinidade.

Palavras Chave

Bacia do Araripe; geoquímica inorgânica; Paleoambiente