51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

Geoquímica elementar e isotópica de sistemas pedológicos acumuladores de carbono inorgânico da Ilha da Trindade, Atlântico Sul

Texto do resumo

Sistemas pedológicos acumuladores de carbono inorgânico guardam valiosas informações sobre o desenvolvimento do solo, ao longo do tempo, especialmente em função da presença de carbonatos pedogenéticos, que são importantes arquivos de condições paleoambientais. Localizada na costa brasileira, a ilha vulcânica da Trindade apresenta solos ricos em carbonato de cálcio derivados de sedimentos bioclásticos carbonáticos de sua plataforma marinha e que exibem feições carbonáticas nodulares e tubulares. Embora algumas dessas feições já tenham sido reportadas por trabalhos anteriores, investigações sobre a sua origem ainda carecem de estudos mais específicos. Com o objetivo de investigar a origem de tais feições e de seus possíveis significados pedogenéticos, os seguintes compartimentos geoquímicos foram coletados na praia das Tartarugas: i) sedimento (ST1), que corresponde ao material de origem dos solos; ii) horizontes superficiais (PT1 Ak e PT2 Ak) e subsuperficiais (PT1 Ck e PT2 Ck) de dois perfis de solos (PT1 e PT2); e iii) feições carbonáticas, sendo dois nódulos cálcicos (NOD-PT1 e NOD-PT2) e duas feições tubulares (TUB-T1 e TUB-T2), tendo os primeiros sido amostrados nos horizontes Ck dos perfis e as últimas coletadas na base de uma duna. Análises geoquímicas de elementos maiores (Al, Ca, Fe, K, Mg, Mn, Na, P e Ti) e traço (Ba, Cr, Ni, S, Sr, V, Zn e Zr), de isótopos estáveis de δ13C e δ18O e de Componentes Principais (ACP) foram realizadas. Todas as amostras têm prevalência de Ca, Mg, Sr e S em sua composição; e Fe e Al fortemente relacionados aos bioclastos carbonáticos da plataforma carbonática e às rochas vulcânicas locais, respectivamente. As ACPs dos elementos maiores e dos elementos traços revelaram clara diferenciação das amostras segundo o compartimento de ocorrência. As análises isotópicas apontaram que: i) as assinaturas do sedimento e dos solos são idênticas e seus carbonatos têm origem marinha; ii) as feições tubulares e os nódulos, exceto NOD-PT2, parecem ter sido originadas em condições ambientais diversas daquelas em que se formaram os carbonatos do sedimento e; iii) os valores positivos de δ18O registrados pelas feições tubulares podem indicar uma fonte de água distinta para a formação das mesmas. A projeção das variáveis isotópicas em estudo por ACP revelou a existência de agrupamentos, sugerindo uma diferenciação entre sedimentos, nódulos, solos e feições tubulares. Destaca-se, entretanto, o comportamento dos nódulos, que ora assemelham-se das amostras dos solos (como em NOD-PT2), ora se distanciam dessas (como em NOD-PT1), indicando que essa feição pode não ter sido formada por um processo concrecionário ocorrido no ambiente do solo. Por outro lado, os resultados sugerem que as feições tubulares estão relacionadas à precipitação de carbonato em ambiente pedogenético. Os nódulos cálcicos podem representar antigas feições tubulares que se encontram atualmente em processo de degradação, possivelmente influenciado pelo aumento da incorporação da matéria orgânica nos solos e ao aumento da umidade durante o Holoceno na ilha. Ressalta-se que pela primeira vez essas feições foram abordadas sob a perspectiva da Pedologia e que se abre então uma importante janela de oportunidade para finalmente modular suas origens e evolução por meio da interpretação de suas microestruturas, especialmente, quando analisadas comparativamente às feições carbonáticas encontradas também na ilha de Fernando de Noronha, Atlântico Sul.

Palavras Chave

geoquímica; Isótopos estáveis; Carbonatos pedogenéticos; Holoceno

Área

TEMA 06 - Paleoambiente e mudanças climáticas

Autores/Proponentes

Larissa Paraguassú, Fábio Soares Oliveira, Caroline Delpupo, Marcos Gervásio Pereira, Leonardo Brandão Nogueira, Mariana Machado, Pedro Henrique Almeida, Carlos Ernesto Gonçalves Reynaud Schaefer