51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

GEOLOGIA DO CONTATO ENTRE O DOMÍNIO TECTÔNICO CABO FRIO E O DOMÍNIO COSTEIRO - CASIMIRO DE ABREU - RJ

Texto do resumo

Na região da cidade de Casimiro de Abreu, no Estado do Rio de Janeiro, aflora o contato entre os domínios Cabo Frio e Costeiro, parte do centro leste da Faixa Ribeira. Este contato tectônico separa ortognaisses paleoproterozóicos do Complexo Região dos Lagos de paragnaisses neoproterozóicos do Complexo São Fidélis e Grupo Búzios-Palmital. Esse contato é interpretado como uma zona de sutura resultante da colisão continental da margem do cráton de Angola com o Terreno Oriental. Este trabalho busca caracterizar detalhamente a geologia deste contato tectônico a partir de mapeamento geológico na escala 1:12.500 e datação geocronológica. A finalidade é corroborar com o entendimento da evolução tectônica da área, investigando a natureza dos protólitos e proveniência dos domínios geológicos. A metodologia envolveu mapeamento e coletas de amostras para análises U-Pb em LA-ICPMS. Os ortognaisses do Compelxo Região dos Lagos ocorrem na porção ao sul da área em contato tectônico invertido com direção E-W e mergulhando para SE em médio ângulo, por sobre as rochas paraderivadas. Foram cartografados dois grupos de rochas paraderivadas: (1) sillimanita-biotita gnaisse fino com interlações de quartzitos e calcissilicáticas (Grupo Búzios-Palmital) e (2) sillimanita-granada-biotita gnaisse migmatítico com níveis diatexíticos e metatexíticos (Complexo São Fidélis). O contato entre os dois grupos de paragnaisses é paralelo à foliação tectônica com mergulho de 25 a 60 graus para SE, com sobreposição do grupo 1 em relação ao grupo 2. A foliação é denominada S1/2 e contém lineação de estiramento de quartzo e feldspato e de sillimanita downdip. A foliação S1/2 pode apresentar dobras fechadas ou abertas com plano axial mergulhando para SE (clivagem S3). Veios leucossomáticos ocorrem paralelos à foliação S1/2, fornecendo localmente textura de migmatito estromático, em menor volume podem preencher os planos axiais S3. Foram coletadas 7 amostras de paragnaisses para análise petrográfica e datação U-Pb em zircão por LA-ICPMS a fim de investigar a proveniência dos dois grupos investigados. Até o momento, obteve-se um resultado do grupo 1. Os 60 zircões detríticos datados indicam fontes principalmente do Neoproterozóico (ca. 993–630 Ma), com picos em 660 Ma, 720 Ma e 970 Ma. Os mais jovens indicam uma proveniência dos arcos magmáticos do Terreno Oriental. Além desses, populações menores mais antigas são representadas por picos: 1.05 Ga, 1.4 Ga, 1.7 Ga e 2.0 Ga. Um grão arqueano de 2,6 Ga também foi datado. Todas essas idades do Mesoproterozóico, Paloeproterozóico e do Arqueano são compatíveis com as idades das províncias geológicas do Cráton de Angola e do Domínio Tectônico Cabo Frio. Os dados mostram que os paragnaisses no contato entre os dois domínios podem ter fontes de ambos. O mesmo padrão de proveniência é também replicado para o grupo 2 de paraderivadas, de acordo com outros trabalhos publicados. Estes grupos de paragnaisses podem representar a mesma bacia ou duas bacias distintas. De qualquer forma, a natureza tectônica com base em proveniência indica que foram depositadas num ambiente orogênico, pois possuem fontes de ambos domínios.

Palavras Chave

mapeamento geológico; Geologia Estrutural; Grupo Búzios-Palmital; Complexo São Fidélis; Complexo Região dos Lagos.

Área

TEMA 18 - Geocronologia e Geoquímica Isotópica

Autores/Proponentes

Camila da Silva Batista, Renata da Silva Schmitt, Silvia Regina Medeiros, Mauro Cesar Geraldes